O desejo de ser mãe nem sempre acompanha o relógio biológico. Fatores profissionais, emocionais e pessoais têm desempenhado um papel cada vez mais importante na decisão da maternidade – e, principalmente, do momento ideal para vivê-la. Diante disso, muitas mulheres estão buscando alternativas que permitam preservar a fertilidade e manter essa escolha à mão, e o congelamento de óvulos vem ganhando cada vez mais adesão.
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Segundo dados do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), da Anvisa, entre 2020 e 2023 o número de embriões congelados cresceu 32%. Na década de 1980, quando surgiu, o procedimento tinha altos índices de falha, uma vez que as taxas de sobrevivência da célula reprodutiva frente ao descongelamento eram muito baixas. “Inicialmente, o procedimento era mais utilizado por mulheres que passariam por tratamentos que poderiam comprometer sua fertilidade, como a quimioterapia”, conta a médica Thais Domingues (CRM-SP 104.252), especialista em reprodução assistida do Grupo Huntington.
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Com o avanço da medicina e a introdução da vitrificação, no fim dos anos 2000 – uma técnica de resfriamento ultrarrápido que preserva melhor a estrutura celular e aumenta a eficácia do processo –, o cenário mudou. “Com o avanço das técnicas e a maior conscientização sobre o declínio da fertilidade com a idade, o congelamento programado começou a ser adotado por mulheres que desejam postergar a maternidade por motivos pessoais ou profissionais”, explica a profissional.
O melhor momento para pensar em fertilidade
Apesar de cada organismo responder de uma forma, especialistas afirmam que a chegada aos 30 anos é uma boa época para começar a se programar, como reforça Thais: “Nesse período, a mulher ainda possui uma boa reserva ovariana, tanto em quantidade quanto em qualidade. Com o passar dos anos, especialmente após os 35, essa reserva diminui progressivamente, tornando mais difícil a obtenção de um número adequado de óvulos viáveis para um futuro tratamento de fertilização.”
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Comprometido no apoio à autonomia reprodutiva das mulheres, o Grupo Huntington busca incentivar o planejamento da fertilidade ainda nessa faixa etária, apresentando o congelamento de óvulos como uma alternativa viável para quem deseja preservar suas opções sem a pressão do tempo.. “O congelamento por volta dos 30 anos garante um número maior de células de boa qualidade com menor necessidade de medicação, proporcionando melhores chances de sucesso quando a mulher decidir engravidar no futuro”, completa Thais.
Antes de optar pelo congelamento, é fundamental passar por uma avaliação com um especialista em reprodução assistida, que vai analisar a saúde reprodutiva e indicar a melhor abordagem para o procedimento. Fatores como histórico familiar de câncer e menopausa, doenças ginecológicas – como endometriose –, cirurgias prévias e reserva ovariana estão entre os principais aspectos considerados.
Uma vez que se opta pelo congelamento, entra em cena a estimulação ovariana, em que hormônios são administrados para estimular o crescimento de múltiplos folículos, aumentando as chances de obter óvulos maduros. Após a coleta, eles passam por um rigoroso processo de seleção e preparo antes de serem vitrificados e armazenados para uso futuro.
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“Há comprovação científica de que óvulos podem permanecer congelados por seis a oito anos sem qualquer prejuízo à qualidade ou aumento no risco de má-formação dos bebês gerados a partir deles”, explica Thais. Além disso, ela ressalta dois pontos importantes: “Os óvulos utilizados no procedimento são aqueles que já seriam naturalmente recrutados pelo organismo, sem interferir na reserva ovariana. E, sobre a preocupação com o peso, pode haver um inchaço temporário durante a estimulação, mas ele desaparece assim que a medicação é suspensa.”
Ela reforça que a gravidez depende de diversos fatores individuais, como idade, saúde reprodutiva e qualidade dos óvulos no momento do uso. “Preservar a fertilidade significa ampliar as possibilidades para o futuro, proporcionando mais liberdade de escolha no momento certo”, destaca a especialista.
Fonte: Glamour
