A fadiga da tripulação do voo 2283 da Voepass, que saiu de Cascavel, no Oeste do Paraná, e caiu no interior de São Paulo, pode ter sido fundamental para a queda da aeronave no dia 9 de agosto do ano passado. A afirmação é do Ministério do Trabalho e Emprego e foi apontada em uma auditoria após o acidente aéreo que levou 62 pessoas à morte, sendo 58 passageiros e 4 tripulantes, o comandante, piloto e duas comissárias de voo.
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A conclusão, divulgada nesta terça, 16, analisou as escalas de trabalho do comandante e do piloto desde o dia 1º maio de 2024 até a data do acidente, em 9 de agosto de 2024. A íntegra do relatório não foi divulgada e nem a informação de quantas horas os tripulantes tiveram a menos de descanso. Para a investigação, foram verificados os registros de check-in e check-out em hotéis.
A Voepass, por meio de nota, afirmou que possui Programa de Gerenciamento de Risco de Fadiga, documento técnico aprovado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e segue regulamentação específica do setor, motivo pelo qual formalizou a defesa.
A empresa alega ainda que, somente o relatório final do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) poderá apontar, de forma conclusiva, as causas do acident. O Cenipa é órgão da FAB (Força Aérea Brasileira) e ainda não concluiu a investigação do acidente aéreo.
Cansaço teria comprometido concentração e capacidade de reação da tripulação
O ministério do Trabalho afirma que a Voepass fez escalas que reduziram o tempo de descanso da tripulação. Essa ação pode ter causado cansaço em um nível capaz de prejudicar a concentração e o tempo de reação dos profissionais. Isso, somado a outras possíveis causas, pode ter contribuído para a queda da aeronave.
O ministério aponta a falta de controle efetivo da jornada da tripulação, descumprimento da Lei dos Aeronautas em relação aos limites de jornada e períodos mínimos de descanso, e a violação de cláusula da Convenção Coletiva voltada à prevenção da fadiga.
Voepass acumula 10 autos de infração
Por isso, a empresa recebeu dez autos de infração, que podem gerar multas de cerca de R$ 730 mil. Além disso, foi notificada por não recolher mais de R$ 1 milhão em FGTS de seus empregados. O relatório ainda cita estudos que demonstram medidas que poderiam ter sido adotadas pela empresa para diminuir o cansaço e evitar novos acidentes.
Em junho deste ano, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) cassou, sem possibilidade de recurso, a licença da Voepass. A ação não está diretamente ligada ao acidente, mas sim pela incapacidade da empresa de corrigir falhas apontadas em fiscalizações anteriores.
Uma das principais hipóteses para a queda é a formação severa de gelo nas asas, que pode ter provocado uma inclinação abrupta e involuntária momentos antes do acidente. Essa tese consta no relatório preliminar do Cenipa.
Paralelamente, a Polícia Federal conduz a investigação criminal para responsabilizar os envolvidos, mas não comenta casos em andamento.
Quando a tragédia completou um ano, a companhia aérea disse que a queda do avião em Vinhedo (SP) resultou em danos irreparáveis.
A empresa também argumenta que estava com o CVA (Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade) válido, e com todos os sistemas requeridos em funcionamento.
A informação é confirmada pela Anac, que diz que a aeronave, um ATR 72-500 fabricado em 2010, estava em condições regulares para operar no momento do acidente, com certificados de matrícula e aeronavegabilidade válidos. Os quatro tripulantes a bordo também possuíam licenças e habilitações em dia.
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Fonte:Bem Paraná