feminilidade fabulosa no Palais d’Iéna

Miuccia Prada apresentou, na terça-feira, 11 de março, último dia da Paris Fashion Week, sua nova coleção para a Miu Miu, com um desfile que foi provavelmente o melhor da temporada — uma reunião de várias décadas e uma moda realmente maravilhosa.

Em um ano que começou com ataques descarados da administração Trump a qualquer tipo de diversidade, foi particularmente admirável testemunhar o elenco de Miuccia, tão obviamente diverso em suas preferências sexuais. Somado a isso, havia uma sensação predominante de libertação neste desfile, com suas mulheres super autoconfiantes, sensualidade aberta e roupas inesperadas.
 
A ideia ousada de abertura da estilista foi usar lã feltrada grossa de estilo militar em casacos de generais ou ternos de saia urbana, onde a única coisa evidente por baixo era um sutiã. Cortado para ficar fora do tronco, com costuras ousadas e dardos nas costas, o que dava um ar super contemporâneo a tudo. Uma sofisticação facilmente identificada.

Em uma brincadeira maliciosa, a alfaiataria foi combinada com meias de algodão até o joelho para adolescentes ou meias pretas cobertas de cristais e strass. Miuccia, que pessoalmente ama joias finas, acrescentou brincos dourados pontiagudos e grandes broches florais aos looks.

Entrelaçando eras díspares, a Miu Miu de repente se tornou cinematográfica — misturando as femmes fatales de Hitchcock com as sábias sedutoras de David Lynch. Saias xadrez e estampadas combinadas com botas de fivela lateral e suéteres ajustados — cada visual completado com cabelo elaboradamente laqueado e óculos de secretária sensuais. Um aceno para Miss Moneypenny, mas através das lentes da Miu Miu em Paris, em uma coleção que Miuccia apropriadamente intitulou “Femininities”.

Signora Prada nunca faz nada pela metade, e em uma temporada em que as peles reconquistaram as passarelas, ela enviou todos os tipos de estolas de pele — raposa, lobo e vison — usadas como cachecóis e cortadas com bolsos para aquecer as mãos.

Cruzando fronteiras com calçados, a maioria de suas garotas usava mocassins de couro polido masculinos, junto com blazers de couro envelhecido.

Miuccia sempre adora misturar seu elenco Miu Miu. Nesta temporada, ela selecionou a atriz Sarah Paulson, de “The People v. O.J. Simpson”; os colegas atores Raffey Cassidy, Laura Harrier, Oscar Lesage e Sunday Rose Kidman Urban; a francesa Lou Doillon; a artista Isabelle Albuquerque; Amelia Gray, filha de Perseus; e o rapper Nettspend. Bem eclético.

Antes de passar para o vestuário de noite, primeiro vieram alguns looks de couro afiados. O desfile terminou com garotas à espreita — em vestidos de alças ou vestidos de seda tomara que caia com alças de sutiã sempre à mostra. O desfile foi sensacional, e realizado dentro do Palais d’Iéna dos anos 1930, decorado com papel de parede de jacquard de seda amarela.

Apoiado por uma ótima trilha sonora de órgão de cinema, culminando com “Day Off” de Teho & Romain Garcia. Encerrando, efetivamente, os desfiles verdadeiramente influentes da moda contemporânea.

Um evento de sucesso. Se Miuccia Prada fosse uma jogadora de futebol, ela teria acabado de ganhar a Bola de Ouro novamente para Miu Miu. No mínimo, ela recebeu os aplausos mais entusiasmados das quatro semanas de desfiles. Isso é respeito de verdade.