O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) admitiu, após a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o seu pai, Jair Bolsonaro, que há possibilidade de a direita ter outros nomes viáveis para disputar as eleições presidenciais de 2026. Ele disse ao jornal “O Globo” que presidentes de partidos já procuraram a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), além dele próprio, para se prepararem para uma eventual candidatura.
Ainda assim, segundo Flávio, o seu pai se mantém candidato e tratou como falta de “respeito” falar em candidatura alternativa. Mesmo Bolsonaro inelegível e com risco de ser preso, o senador disse ao “O Globo” que o ex-presidente vai registrar candidatura e, “lá na frente, se for necessário”, pode apoiar uma dessas opções.
“Há diversos nomes que têm viabilidade política de concorrer. Bolsonaro tem a humildade de, lá na frente, se for necessário, apoiar qualquer um desses que tenha maior potencial”, afirmou ao jornal. “[Presidentes de partidos] Falam para mim, para Tarcísio, falam para Michelle, falam para Ratinho, falam para Romeu Zema [governador de Minas], falam para Ronaldo Caiado [governador de Goiás], falam para todo mundo: olha, mantenha a linha que pode ser que seja você”.
O Valor mostrou em reportagem desta quinta-feira (20) que a denúncia da PGR mexeu com o cenário eleitoral de 2026. Com a possibilidade de prisão de Bolsonaro, lideranças políticas do campo de centro-direita aumentaram a pressão para que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, seja candidato à Presidência.
Em pesquisas recentes, como as realizadas pela Quaest e AtlasIntel, Tarcísio tem se mostrado como candidato mais competitivo desse campo político contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em um cenário eleitoral sem Bolsonaro.
Tarcísio mantém o discurso público de que tentará a reeleição em São Paulo, mas começou a dar sinais, nos bastidores, de que poderia aceitar a candidatura presidencial, se tiver aval do ex-presidente.
Bolsonaro inelegível e risco de ser preso
Bolsonaro está inelegível até 2030. Ele foi condenado em duas ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político e econômico e uso indevido dos meios de comunicação. Além disso, foi denunciado pela PGR ao Supremo Tribunal Federal (STF) na terça-feira (18) e corre o risco de ser preso.
A PGR afirma que o ex-presidente era líder de uma organização criminosa que atuou para mantê-lo no poder após a derrota para Lula nas eleições de 2022. Ele foi denunciado por organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deteriorização de patrimônio tombado.
A pena pode chegar a 43 anos, mas caberá ao STF fazer os cálculos, limitados a 40 anos – tempo máximo que uma pessoa pode ficar presa no Brasil.
Fonte: Valor