O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, disse nesta quinta-feira (13) que a construção da muralha para reforçar a segurança da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) começou no fim de janeiro, quase um ano após a fuga de dois detentos ligados ao Comando Vermelho da unidade.
A obra de R$ 28,6 milhões deve ficar pronta até julho de 2026. “Neste momento, o canteiro de obras está sendo instalado. A previsão é de que a conclusão da obra ocorra entre 12 e 18 meses”, disse o Ministério da Justiça, em nota. Inicialmente, a pasta estimava a conclusão da muralha ainda neste ano.
Na madrugada de 14 fevereiro de 2024, Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento fugiram da prisão de segurança máxima por um buraco na parede da cela. O governo organizou uma força-tarefa de agentes de segurança para recapturá-los. Eles foram presos 50 dias depois.
Esta foi a primeira fuga registrada nas penitenciárias federais do país. Além de Mossoró, as demais prisões federais de segurança máxima ficam em Porto Velho (RO), Catanduvas (PR), Campo Grande (MS) e Brasília (DF). Apenas a penitenciária Federal de Brasília tem a proteção de uma muralha.
“Algumas pessoas acham que se trata de um mero muro, uma construção simples, que poderia ser feita no quintal de casa. Estamos falando de uma estrutura robusta com valor que corresponde praticamente ao de uma unidade prisional. Com blindagem, proteção contra atentados”, afirmou André Garcia, secretário da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).
O ministro também anunciou a eliminação dos pontos cegos de iluminação e a instalação de grades que fecham o acesso direto ao telhado pela parte interna da unidade. Foram investidos R$ 530 mil em equipamentos eletrônicos:
- 730 itens ligados ao Circuito Fechado de Televisão (CFTV), como televisores, drone e porteiros eletrônicos;
- 194 câmeras digitais de qualidade alta;
- Aquisição de storages para armazenar imagens de segurança por 30 dias;
- 5 catracas com reconhecimento facial;
- 16 novos leitores faciais;
- Dois scanners de inspeção por raio-X e monitoramento da via de acesso com reconhecimento de placas.
Lewandowski destacou que o quantitativo de servidores foi ampliado, o treinamento do plano de defesa da unidade foi atualizado e 17 viaturas, a maioria delas semiblindadas, foram adquiridas por R$ 3,9 milhões, informou a Agência Brasil.
PF vê “falhas” e conclui que fugitivos da prisão de Mossoró não tiveram ajuda
O secretário da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), André Garcia, informou que a Polícia Federal apresentará o relatório final da investigação nesta sexta-feira (14). A PF concluiu que a fuga foi causada por uma série de falhas estruturais, tecnológicas e procedimentais.
Segundo a investigação, não há indícios de que os dois presos tenham recebido ajuda de servidores, colaboradores ou terceiros. Após apurações internas, quatro chefes de plantão foram suspensos, três procedimentos administrativos disciplinares foram instaurados e 17 servidores assinaram termos de ajustamento de conduta.
O ministro Ricardo Lewandowski reforçou que a fuga dos detentos em Mossoró foi um episódio “isolado” e garantiu que isso nunca mais acontecerá. “Cada medida é para garantir que penitenciárias tenham ordem e segurança, para o bem dos que trabalham e para os detentos”, pontuou o ministro.
Fonte: Gazeta do Povo