A economia global enfrenta um momento de alto endividamento que deverá ser intensificado com a continuidade da guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos, exigindo ação rápida dos governos para lidar com a questão fiscal, disse nesta quarta-feira (23) Vitor Gaspar, diretor de assuntos fiscais do FMI.
Ao apresentar o relatório Monitor Fiscal 2025, Gaspar enfatizou que 119 países estão com dívida pública acima do período de pandemia e que 59 países, que representam cerca de 80% do PIB global, estão em situação de dívida pública alta e crescente.
“Incertezas dominam o cenário econômico global. Governos precisam de senso de urgência para lidar com a questão fiscal […] e adotar medidas de resiliência porque os riscos e incertezas estão elevados”, disse Gaspar durante a coletiva, ressaltando que o FMI “não projeta recessão” para a economia global.
O relatório ressalta que neste cenário, países emergentes poderão sofrer mais do que países desenvolvidos devido a um clima externo cada vez mais negativo que pode aumentar a volatilidade financeira, provocar alta nas taxas de juros e provocar uma redução no fluxo financeiro dessas nações.
Ao ser questionado sobre isso, Davide Furceri, chefe de divisão do Departamento Fiscal do FMI, disse que países em desenvolvimento podem navegar neste cenário promovendo medidas que causem aumento de arrecadação, como “aumentar a base tributária, acabar com isenções fiscais e aumentar o controle de arrecadação”.
“Para muitos países emergentes é possível obter muitos ganhos fiscais com isso”, disse Furceri na coletiva.
Países da América Latina foram citados como vulneráveis a enfrentar problemas fiscais no cenário econômico atual. Era Dabla-Norris, vice-diretora do Departamento Fiscal FMI, disse que a região enfrenta problemas de falta de flexibilidade fiscal e aumento na pressão dos orçamentos que podem ser exacerbados com uma possível escalada das tensões comerciais.
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Fonte: Valor