Guy Laroche relança prêt-à-porter com franco-brasileira Mathilde Castello Branco

Após quatro anos de ausência, Guy Laroche retorna à vanguarda da cena parisiense. Silenciada desde Covid, a maison de luxo volta a ser ouvida durante a Paris Fashion Week. Em torno de um coquetel organizado no último dia de desfiles no Hôtel de Crillon, na terça-feira, 11 de março, a marca apresentou a primeira coleção de prêt-à-porter da estilista franco-brasileira Mathilde Castello Branco, que acaba de assumir o comando do estilo. Um guarda-roupa chique e versátil, muito alta-costura, 100% Made in France.

Para relançar o seu prêt-à-porter feminino, Guy Laroche aposta em uma estilista experiente, que se provou em prestigiadas maisons de luxo. Formada pela escola Duperré e Atelier Chardon-Savard, Mathilde Castello Branco iniciou a carreira na Hermès sob a égide de Martin Margiela, antes de ingressar na Lanvin, onde trabalhou durante 10 anos ao lado de Alber Elbaz.

De 2011 a 2012, tornou-se diretora artística da Azzaro, depois ocupou o mesmo cargo por três anos na Princesse tam.tam, antes de ser chamada em 2017 por Weill, onde atuou como diretora criativa ao longo de quatro anos. Dedicou-se então a um projeto pessoal que visava criar um guarda-roupa em torno da pintura em seda.

“Mergulhar em uma maison com tanto legado é um privilégio que o sr. Guy Laroche foi fantástico e esta casa tem potencial”, confidencia a estilista, que está à frente do atelier há dois meses e meio. Na sua primeira coleção, lançou as bases do novo guarda-roupa da marca, pensado para “facilitar a vida da mulher, sem perder a elegância”.

A ideia é oferecer um guarda-roupa versátil, com peças atemporais e fáceis de combinar, permitindo à mulher “mudar em um piscar de olhos e adaptar o look à sua personalidade”. As 14 silhuetas propostas podem assim ser transformadas em 28. Os acessórios, como sapatos, boinas e luvas de glamour, são cortados nos mesmos tecidos das roupas, permitindo apurar o look total.
 
“A roupa está aí para a mulher brincar com ela e torná-la sua. Oferecemos um mix and match”, sublinha a estilista, que elege França, Itália e Inglaterra para comprar flanelas, lãs frias, pele de cordeiro e chiffon de seda e Japão para jeans. Para a confecção, contou com a oficina Grain de Tailles, em Lyon, dirigida por Alexandra Berthet e Sophie Plaindoux, especializada em alfaiataria de lã com verdadeiro savoir-faire em ternos.

As peças essenciais são impecavelmente cortadas e pensadas até ao mais ínfimo detalhe. O vestido chemise criado por Guy Laroche é transposto para o outono-inverno 2025/26 em um vestido casaco. A capa é reversível em dois tecidos xadrez diferentes, com duas opções de abertura para cada mão e possibilidade de dar volume através de um reforço escondido por um zíper. Um top de flanela aparece como um blusão com fecho frontal e um top fofo quando usado do outro lado. Outra dica: saia plissada e top formam um vestido de jersey de seda para a noite.

Vestido de flanela cinza com bolsos invisíveis, sendo a aba integrada ao vestido. Um fecho nas costas da saia permite ajustar a abertura conforme desejado, enquanto um corpete em mousseline ultra delicada fecha com botões de pressão invisíveis. “A alta costura é essencial, mas não deve ser vista”, resume Mathilde Castello Branco referindo-se aos pontos invisíveis, mostrando que quer “voltar ao chique francês, trabalhando num circuito muito curto com uma produção 100% Made in France”.

“É semelhante ao prêt-à-porter couture”, resume o CEO Hendrik Penndorf. Nascida na alta-costura em 1957, a maison Guy Laroche foi comprada em 2004 pelo grupo YGM Trading de Hong Kong, e possui uma única boutique direta, na Rue François-1er em Paris, na qual esta linha de prêt-à-porter feminino deverá ser distribuída com exclusividade. A maior parte da receita da empresa hoje vem de contratos de licenciamento, como linhas de bolsas, relógios, joias e óculos.