O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou na madrugada desta segunda-feira (31), a Paris. Na capital francesa, ele participará de conferência na universidade Sciences Po para falar sobre meio ambiente e da cerimônia de abertura dos Diálogos Econômicos Brasil-França. Ao lado de Haddad estará o ministro da Economia e das Finanças da França, Éric Lombard.
A visita de Haddad acontece em um momento de intensa movimentação geopolítica causada pela ascensão ao poder do presidente americano Donald Trump, que vem se afastando dos aliados europeus em diversas questões, entre elas a guerra na Ucrânia.
Essa cisão abre oportunidade para que líderes europeus reafirmem outras parcerias, entre elas, com o Brasil.
No início de junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viaja a Paris para se reunir com o presidente francês, Emmanuel Macron, que esteve no Brasil há exatamente um ano. Na viagem à França, Lula deve participar também da Conferência das Nações Unidas sobre Oceanos, em Nice, no sul da França.
Haddad inicia sua visita à capital francesa com um café com o ex-primeiro ministro e ex-presidente do conselho constitucional francês Laurent Fabius, que foi presidente da COP-21, reunião que produziu o Acordo de Paris. O tratado assinado em 2015 foi um marco nos esforços para se limitar o aquecimento global.
Agora o acordo será tema da COP 30, que acontece no Brasil, em Belém, em novembro deste ano. Em conversa por telefone com Lula em fevereiro, o presidente Macron “reiterou seu apoio” à realização da COP em Belém, que acontece no aniversário de 10 anos do Acordo de Paris.
Segundo funcionários que participaram da negociação para a visita do ministro Haddad a Paris, a ideia é reafirmar Brasil e França (e até Europa) como parceiros de negócios, comerciais e políticos, em um momento de crise do multilateralismo, consequência da mudança da liderança no comando dos Estados Unidos.
Trump é avesso a temas multilaterais e retirou o país do Acordo de Paris pela segunda vez logo no primeiro dia de seu segundo mandato. Ele já havia feito isso em seu primeiro mandato.
No final da tarde, a agenda de Haddad é voltada para a Sciences Po, uma das universidades mais prestigiadas para temas de ciências sociais na França. Ele se reúne com o diretor da instituição, Luis Vassy, e com os professores Philippe Descola e Pierre Charbonnier.
À noite, o ministro participa da Conferência “Dez anos após o Acordo de Paris – governar na era climática”, com moderação de Pierre Charbonnier e Laurence Tubiana” e depois de um jantar na universidade em homenagem a ele.
Na terça-feira, o ministro começa a agenda oficial com uma reunião bilateral com o ministro Éric Lombard. Em seguida, participa de um almoço com empresários franceses.
O objetivo da reunião é apresentar o Brasil como possível destino de investimentos franceses, ouvir dos empresários franceses que já investem no Brasil quais as demandas e saber como está, para eles, o ambiente de negócios no Brasil.
O tema do acordo de comércio Mercosul-União Europeia não está incluído oficialmente na pauta, porém, segundo funcionário que participou da montagem da agenda do ministro, é “inevitável” que apareça. O mesmo funcionário também afirma que França e Brasil têm um histórico de relacionamento bilateral forte e que o diálogo econômico tem como objetivo aprofundar o relacionamento.
A cerimônia de abertura dos Diálogos Econômicos Brasil-França, ao lado do ministro Lombard, é o próximo compromisso na agenda do ministro. Ao final da reunião, ambos os ministros concederão uma entrevista coletiva.
Fonte: Valor