A queda de torres de transmissão da chinesa State Grid, devido a uma tempestade na noite de quarta-feira (22), interrompeu, desde então, o envio de parte da energia da hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), para as regiões Sul e Sudeste. Relatos de técnicos do governo indicam que o incidente foi provocado por uma forte tempestade que atingiu o bipolo Xingu/Terminal Rio, com avarias em sete torres da empresa.
A falha na rede de transmissão teria interrompido o envio de 4 gigawatts (GW) de energia da usina para outras regiões. A hidrelétrica Belo Monte conta com a capacidade instalada de 11,3 GW.
Este é um dos períodos do ano em que a usina consegue operar quase em sua capacidade máxima, situação que costuma ocorrer entre fevereiro e março, devido às boas condições hidrológicas na bacia do Xingu registradas nesta época.
Apesar da queda das torres de alta tensão, os consumidores não chegaram a sofrer com falta de energia. Isso porque o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) acionou imediatamente o despacho de usinas térmicas para compensar a perda.
Em posicionamento oficial, o ONS informou que “adotou as medidas operativas necessárias e que garantiram o pleno atendimento da demanda de energia elétrica do país”. Também reconheceu que, “no momento das ocorrências havia tempestade e foi identificada a queda de torres”, e que, agora, “aguarda as ações do Agente proprietário para a recuperação nos próximos dias, por conta do local de difícil acesso e da gravidade dos danos”.
Os técnicos do governo lamentam a indisponibilidade da rede ocorrer em bom momento de acúmulo de água nos reservatórios das grandes hidrelétricas das regiões Sul e Sudeste. Relatos dessas mesmas fontes apontam para índices expressivos de recuperação diária de 0.3 a 0.5 pontos percentuais da capacidade dos reservatórios alcançados neste ano antes do incidente. Em maio, o setor elétrico inicia o período de estiagem, quando a água acumulada neste período fica à disposição do sistema para garantir o abastecimento nos meses de seca.
Durante a indisponibilidade dessa rede, o setor pode seguir despachando usinas mais caras ou usado reserva energética de outras hidrelétricas. Na resposta imediata à que da rede, o ONS acionou 12 usinas, entre elas aquelas que operam ao custo superior a R$ 1.000 por megawatt-hora (MWh). A energia de Belo Monte sai para o consumidor ao custo aproximado de R$ 160 por MWh.
Relatório de operação do ONS indicou que foram chamadas a despachar as seguintes termelétricas: UTE Norte Fluminense (Norte Fluminense), Luiz O. R. Melo (Eneva), Termomacaé (Petrobras), Karkey 013 (Karpowership Brasil Energia), Karkey 019 (Karpowership Brasil Energia), Porsud II (Diferencial Energia Geração Distribuída), Porsud I (Diferencial Energia Geração Distribuída), Juiz de Fora (Petrobras), Seropédica (PETROBRAS), Povoação I (Eneva), Viana 1 (Evena), Nova Piratininga (Petrobars) e Palmeiras de Goiás (Bolognesi Participações).
Ainda segundo a avaliação de técnicos que acompanham o assunto, o ONS já deve ter recorrido a outras fontes geração, além da térmicas, para recompor a perda de Belo Monte, com o objetivo de evitar o aumento de custo. De acordo com o ONS, antes da queda das torres, a geração de Belo Monte estava em 8,3 GW médios. Na quinta-feira (23), a geração média registrada foi reduzida para 7,3 GW médios.
Fonte: Valor