Indústria portuguesa do têxtil e vestuário tenta corrigir acordo com a administração Trump para baixar produtos com taxas acima dos 15%

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1 de setembro de 2025

As novas tarifas de 15% dos Estados Unidos (EUA) sobre a União Europeia (UE) acabaram de entrar em vigor na segunda-feira, 1 de setembro, e o setor têxtil e vestuário se mostra preocupado, esperando ainda conseguir corrigir este acordo com os EUA para baixar os produtos que vão pagar taxas aduaneiras acima dos 15%. Isto porque, os produtos que pagavam uma taxa inferior à atual em vigor vão passar a pagar os 15%, enquanto os artigos que pagavam taxas superiores não vão deixar de as pagar.

Reuters

Segundo a diretora-geral da Associação Têxtil de Portugal (ATP), Ana Dinis, “está sendo um processo difícil”, adianta ao ECO, assegurando reforça que “as negociações ainda decorrem” e lamentando que “hoje dizem uma coisa e amanhã dizem outra”. Porém, a ATP não baixa os braços e “a qualquer momento, para o bom e para o mau, o setor poderá ter novidades”, frisa ainda Ana Dinis.

Já o presidente da Associação Nacional das Indústrias do Vestuário e Confecção (Anivec), César Araújo, também proprietário da Calvelex, explica ao ECO que “existem várias interpretações” e “não é certo que os produtos que pagavam taxas superiores a 15% vão pagar mais ou manter”.

De acordo com os dados da ATP, Portugal exportou 435 milhões de euros em produtos têxteis e de vestuário para os EUA em 2024, representando o mercado norte-americano 8% do total das exportações do setor e faturando cerca de 500 milhões de euros.

Também a ATP informou que as tarifas dos EUA podem levar à demissão de 10 mil trabalhadores do setor têxtil em Portugal, contabilizando mais de seis mil empresas no setor têxtil e do vestuário em todo o território português. Por sua vez, a SIC Notícias lembra que o Banco de Portugal indicou que, há dois anos, o setor faturou mais de oito bilhões de euros.

Não obstante, a Europa parece estar melhor posicionada do que os seus concorrentes, com apenas o Reino Unido a beneficiar de condições mais favoráveis. O Japão enfrentará igualmente uma tarifa de 15%; a Indonésia e as Filipinas, 19%; o Vietnã, 20%; e países como o Canadá, Coreia do Sul, Brasil e México, entre 25% e 50%.

Por fim, a líder mundial na gestão do risco de crédito comercial, Coface, que ajuda 100.000 empresas a expandirem os seus negócios em cerca de 200 mercados internacionais, defende que este compromisso de 15% evita a ameaça de uma tarifa a dobrar (30%), que foi inicialmente avançada pelo presidente norte-americano, e continua representando um aumento significativo face à taxa de 1,2% aplicada em 2024.

Além disso, a UE se comprometeu a investir 600 bilhões de dólares nos EUA e a adquirir 750 bilhões de dólares em produtos energéticos norte-americanos ao longo de três anos. São ditos: compromissos, cuja viabilidade continua a ser amplamente questionada por analistas e líderes europeus.

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Fonte: Fashion Network

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