
Se a Intel tivesse ocupado espaço no mercado de celulares, talvez estivesse em situação mais confortável hoje. Não foi por falta de tentativa. No início dos anos 2010, a companhia quiser ser a fabricante dos chips que a Apple desenvolvia para o iPhone. Mas havia um obstáculo no caminho: a TSMC.
Naquela época, a Apple chegou a contratar a Samsung Foundry para produzir chips para iPhones e iPads, mas mudou de ideia, afinal, a companhia coreana é a sua grande rival. Era preciso buscar outra fabricante. Foi quando a Intel Custom Foundry (ICF) e a TSMC passaram a ser consideradas para esse fim.
Sabendo da oportunidade que isso representava, Paul Otellini, CEO da Intel naquele período, se reuniu com Tim Cook no início de 2011 para convencer a Apple de que a ICF era a melhor opção. Para analisar a proposta, Cook interrompeu a negociação com a TSMC por dois meses.
Preocupado, Morris Chang, ninguém menos que o fundador da TSMC, foi até a sede da Apple. Lá, o próprio Tim Cook garantiu que a Apple não escolheria a Intel: “a Intel simplesmente não sabe como ser uma fundição [fabricante de chips para terceiros]”, teria dito a Chang.
No entendimento da Apple, a Intel era muito focada na fabricação dos próprios chips (é assim até hoje, na verdade), razão pela qual não saberia dar a atenção de que seus clientes de fundição precisariam.
Neste ponto, é válido destacar que essa história foi contada recentemente por Morris Chang em entrevista ao canal Acquired, no YouTube. Era de se esperar que o empresário desse declarações positivas sobre a companhia que fundou. E isso aconteceu. Em dado momento, ele disse:
Quando o cliente pede muitas coisas, aprendemos a responder a cada demanda. Algumas delas eram loucuras, outras eram irracionais, [mas] nós respondemos a cada solicitação cordialmente. […] A Intel nunca fez isso, eu conhecia muitos clientes da Intel aqui em Taiwan e todos desejavam que houvesse outro fornecedor [de chips].
Morris Chang, fundador da TSMC
Se há exageros nessa afirmação ou não, o fato é que a Apple escolheu a TSMC para a produção de seus chips, e essa parceria é mantida até hoje, inclusive com relação aos SoCs Apple Silicon que equipam Macs e iPads.


Pesou para essa escolha a postura da TSMC de realmente atender às demandas da Apple, que não são poucas. Basta considerarmos que outra empresa cogitada para a produção de chips para iPhones foi a Texas Instruments, mas ela logo foi descartada pela Apple por não ter processos avançados de fabricação, exigência que a TSMC é capaz de atender.
A situação só não ficou pior para a Intel porque a companhia continuava fornecendo processadores para os Macs. Mas esse cenário mudou em 2020, quando os chips Apple Silicon foram anunciados e, passaram, progressivamente, a equipar toda a linha Mac, deixando a Intel de lado.
Depois disso, Intel até tentou alavancar a sua divisão de fabricação de chips para terceiros, mas esse plano esfriou depois de Pat Gelsinger ter sido retirado do cargo de CEO. Pudera: a companhia enfrenta uma forte crise. Entre as razões para isso estão os altos investimentos que essa divisão exige.
Com informações de Tom’s Hardware
Fonte: Tecnoblog