O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Helano Borges Dias, afirmou hoje que as emissões da dívida pública federal (DPF) foram substanciais em janeiro, com uma melhor distribuição entre os tipos de papéis emitidos.
“Fizemos em janeiro uma alocação substancial de emissões, da ordem de R$ 145,51 bilhões”, destacou o técnico do Tesouro, durante entrevista coletiva sobre os números da dívida pública de janeiro. Ele lembrou que, enquanto em 2024 as emissões ficaram concentradas em LTFs, ou seja, papéis com taxas flutuantes, atrelados à Selic, em janeiro houve uma “recomposição da emissão de pré-fixados e de índices de preços”.
Ele também comentou que o mês de janeiro foi marcado por melhora dos mercados, tanto externo quando interno, depois do estresse verificado em dezembro. ele disse que contribuiu para essa melhora os sinais mais amenos na guerra comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o que teve impacto positivo nos mercados emergentes. Também houve melhora da curva de juros no nível local em janeiro, levando maior apetite a risco dos investidores, comentou o coordenador da dívida.
Segundo Dias, “é natural” que haja uma mudança “substancial” do ponto de vista de composição do estoque da dívida em 2025, porque neste ano há previsão de maior vencimento de títulos pré-fixados e de NTN-Bs (atrelados à inflação), ao invés de LFTs (atrelados à Selic).
Dias afirmou ainda que o mês de fevereiro foi “bastante favorável” do ponto de vista de gestão da dívida pública federal (DPF), mesmo sendo um mês marcado pelo período de recadastramento dos dealers.
As emissões da DPF em fevereiro alcançaram R$ 198 bilhões, caminhando para um recorde histórico em termos nominais, disse Dias. “Emissões foram feitas respeitando condições de mercado, e o mercado absorveu bem as emissões, mesmo em volumes maiores”, destacou o técnico do Tesouro. O mesmo cenário já havia acontecido em janeiro.
Assim como no mês passado, houve também uma melhora no perfil dos papéis emitidos em fevereiro. “O mês de fevereiro, na esteira de um ambiente [externo e interno] mais favorável, teve maior apetite a risco, maior capacidade de emissão e maior qualidade do ponto de vista de composição”, afirmou Dias, ao citar a emissão de papéis pré-fixados e atrelados a índices de preços.
Ele lembrou que o volume elevado de emissões em janeiro e fevereiro ajuda na recomposição do colchão de liquidez da dívida pública, após meses de vencimentos elevados.
Sobre a melhora no mercado observada em fevereiro, o coordenador da dívida afirmou que o Tesouro Nacional observou uma “continuidade de perspectiva de guerra comercial mais amena do que antecipado por Trump”, o que “acabou beneficiando a percepção de risco dos investidores”. “O Brasil se beneficiou dessa percepção.”
Os indicadores domésticos também apontaram para uma perda de dinamismo em fevereiro, contribuindo para que curva de juros perdesse nível e inclinação, afirmou Dias.
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Fonte: Valor