O jurista Andre Marsiglia, especialista em liberdade de expressão, considerou “frágil” a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outroas 33 pessoas. Eles foram acusados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. Marsiglia postou uma análise do caso nas redes sociais na noite desta terça-feira (18).
“Li a peça da PGR denunciando Bolsonaro e mais 33 pessoas por golpe de Estado, organização criminosa etc e a peça é frágil. Um mais do mesmo já mastigado pela imprensa à exaustão. Do ponto de vista jurídico, pela fragilidade da denúncia, entendo que a PGR dependerá totalmente das delações e testemunhas. E, claro, da visão política da Corte sobre o tema”, afirmou.
O especialista salientou também que postagens e frase ditas em reuniões foram consideradas como elementos de preparação e incitação do suposto golpe de Estado, mas ele avaliou que deveriam ser consideradas como opiniões dos denunciados. Para ele, também não ficou clara na denúncia da PGR a relação entre o 8 de janeiro de 2023 e o grupo presente na peça, já que “apenas menciona que postagens estimularam os manifestantes”.
“Na peça da PGR, posts, lives, reuniões e minutas apócrifas foram tratadas como uma forma organizada do grupo desestabilizar o Estado e orquestrar um golpe. E o dia 8, como era de se esperar, como ato executório, como resultado prático da suposta tentativa golpista. Não à toa, tem havido tanta rigidez com os réus do dia 8. Acusar a todos de golpistas criou o estofo necessário para relacionar essa denúncia por golpe com o dia 8”, avaliou.
O jurista afirmou ainda que a denúncia peca por não individualizar a função e a conduta de cada um dos 34 apontados. Para Marsiglia, a peça pressupõe a liderança de Bolsonaro no suposto golpe pelo fato de, à época, ele exercer o cargo de presidente da República.
Diante disso, para Marsiglia, “a peça se fragiliza, pois sem ato executório não há como criminalizar a tentativa de golpe”.


Fonte: Gazeta do Povo