Karla Sofía Gascón: entenda a polêmica da temporada do Oscar com a estrela de 'Emilia Pérez'


A atriz que fez história já estava enfrentando críticas — até que seus tuítes ofensivos se tornaram virais Karla Sofía Gascón está se tornando tão controversa quanto seu aclamado e criticado filme musical, Emilia Pérez, um dos concorrentes nas principais categorias do Oscar 2025. O longa do diretor Jacques Audiard, que venceu Wicked como melhor comédia musical ou musical no Globo de Ouro e recebeu o maior número de indicações ao Oscar deste ano, já estava no centro do discurso do Twitter sobre cinema quando os tuítes xenófobos e racistas de sua estrela ressurgiram na internet.
Está perdida e quer entender melhor toda a polêmica? Aqui está tudo o que você precisa saber sobre a polêmica envolvendo Karla Sofía Gascón.
Mas qual é o problema com Emilia Pérez?
O filme da Netflix conta a história de Rita (Zoe Saldaña), uma advogada mexicana contratada para ajudar um líder de cartel (Gascón) a começar uma nova vida fingindo sua morte e passando por uma cirurgia de afirmação de gênero. O filme em si foi dirigido por Jacques Audiard, um francês cis-masculino.
Emilia Pérez
Divulgação
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Embora o filme tenha recebido elogios do Festival de Cinema de Cannes, do Globo de Ouro e de outras organizações de Hollywood, muitos acreditam que ele descaracterizou todas as comunidades retratadas no suspense, de mexicanos a mulheres trans. E além de Selena Gomez ter sido criticada por seu espanhol, vozes LGBTQ+ têm denunciado a representação da transição da personagem principal no filme, com a GLAAD descrevendo-a como um “retrocesso na representação trans”.
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Tradução: “Quando os mexicanos dizem que um filme que se passa no México, dirigido por um francês que nunca pôs os pés no México e declarou publicamente que não precisava fazer tanta pesquisa para o filme, está retratando um país cheio de estereótipos, ignorância, falta de respeito e está lucrando com uma das mais sérias crises humanitárias em andamento( desaparecimentos em massa no México). Talvez, só talvez, você deva acreditar nos mexicanos. Que tal ouvi-los?”
Além de seus assuntos controversos, o filme recebeu apenas 19% de audiência no Rotten Tomatoes . Também não ajuda o fato de que os cineastas tenham utilizado IA para melhorar os vocais de Gascón, misturando sua voz com a da estrela pop francesa Camille, segundo a Forbes.
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Tradução: “Eu ainda não acredito que Emilia Pérez ganhou Melhor Musical no lugar desta obra-prima”.
Os problemas de Karla Sofía Gascón começaram antes de seus tweets se tornarem públicos
Gascón já estava enfrentando reações negativas por sua resposta aos críticos LGBTQ+ do filme. “Ser LGBTQ, ter esses rótulos, não remove sua estupidez, assim como a heterossexualidade não remove sua estupidez”, ela disse à Vanity Fair em 6 de janeiro. “O que me incomoda é que as pessoas que dizem coisas assim ficam sentadas em casa sem fazer nada. Se você não gosta, vá e faça seu próprio filme. Vá criar a representação que você quer ver para sua comunidade.”
Na mesma entrevista, Gascón afirmou: “Muitos estão fazendo uma campanha negativa e desagradável contra o filme”, o que pode ser considerado um prenúncio de parte da controvérsia que está por vir.
Em 23 de janeiro, ela foi indicada ao Oscar
Em 23 de janeiro, Gascón fez história como a primeira mulher trans assumida indicada para Melhor Atriz pela Academia. Quanto aos seus companheiros, Emilia Pérez obteve 13 indicações, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e uma indicação de Melhor Atriz Coadjuvante para Saldaña.
Então Gascón foi acusado de violar uma regra da Academia
Em 28 de janeiro, Gascón foi criticada por mencionar sua colega indicada a Melhor Atriz – Fernanda Torres, de Ainda Estou Aqui, em uma entrevista ao jornal brasileiro Folha de S.Paulo. Aqui está uma tradução do que ela disse em espanhol, segundo a Rolling Stone:
“Eu não gosto que haja uma equipe de mídia social que trabalhe em torno dessas pessoas que estão tentando desacreditar meu trabalho e meu filme, porque isso não nos leva a lugar nenhum. Você nunca me verá falando negativamente sobre Fernanda Torres ou seu filme, mas, pelo contrário, vejo muitas pessoas trabalhando em torno de Fernanda Torres que falam mal de mim e de Emilia Pérez”.
Alguns acreditam que a declaração de Gascón viola a regra da Academia contra “comunicação pública por qualquer pessoa diretamente associada a um filme elegível tentando lançar uma luz negativa ou depreciativa sobre um filme ou realização concorrente”. A política proíbe expressamente “qualquer tática que destaque ‘a competição’ pelo nome ou título”.
No entanto, Gascón alegou que não estava falando daqueles “diretamente associados” a Torres em uma declaração à Variety em 29 de janeiro. “Sou uma grande fã de Fernanda Torres e tem sido maravilhoso conhecê-la nos últimos meses”, disse ela. “Em meus comentários recentes, eu estava me referindo à toxicidade e ao discurso de ódio violento nas mídias sociais que infelizmente continuo a vivenciar. Fernanda tem sido uma aliada maravilhosa, e ninguém diretamente associado a ela tem sido nada além de solidário e extremamente generoso.”
Em 29 de janeiro, uma fonte disse à Rolling Stone que a Academia não encontrou “nenhuma violação do regulamento promocional da campanha na declaração de Gascón, já que nada depreciativo foi dito sobre o filme, o indicado ou a performance”.
No mesmo dia, Gascón supostamente se descreveu como “Inimiga Pública nº 1” em uma postagem já excluída na plataforma de mídia social X, segundo a People.
Um dia depois, seus tweets ofensivos se tornaram públicos
Em 30 de janeiro, a jornalista Sarah Hagi postou capturas de tela de uma série de tuítes xenófobos, racistas e odiosos supostamente postados por Gascón, muitos dos quais tinham como alvo muçulmanos. A Variety relata que muitos foram deletados no mesmo dia e foram “em grande parte postados entre 2020 e 2021”.
Em um suposto tuíte traduzido pela Variety, ela escreveu: “Sinto muito, é só impressão minha ou há mais muçulmanos na Espanha? Toda vez que vou buscar minha filha na escola, há mais mulheres com os cabelos cobertos e as saias abaixadas até os calcanhares. Ano que vem, em vez de inglês, teremos que ensinar árabe.”
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Ela também postou declarações polêmicas sobre George Floyd e diversidade no Oscar. “Cada vez mais o #Oscar está parecendo uma cerimônia para filmes independentes e de protesto, eu não sabia se estava assistindo a um festival afro-coreano, uma manifestação do Black Lives Matter ou o 8M”, ela teria escrito em 2021. “Fora isso, uma gala feia, feia.”
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A reação, é claro, foi rápida!
Karla Sofía Gascón pediu desculpas e deletou sua conta X
“Quero reconhecer a conversa em torno de minhas postagens anteriores nas redes sociais que causaram mágoa”, disse Gascón em uma declaração obtida pela Variety em 30 de janeiro. “Como alguém em uma comunidade marginalizada, conheço muito bem esse sofrimento e lamento profundamente aqueles a quem causei dor. Durante toda a minha vida, lutei por um mundo melhor. Acredito que a luz sempre triunfará sobre a escuridão.”
Horas depois, Gascón emitiu um pedido público de desculpas pelo The Hollywood Reporter, que o veículo traduziu do espanhol: “Sinto muito, mas não posso mais permitir que essa campanha de ódio e desinformação afete nem minha família nem a mim, então, a pedido deles, estou fechando minha conta no X”, ela escreveu, “entre soluços”, segundo o THR. “Fui ameaçada de morte, insultada, abusada e assediada até a exaustão. Tenho uma filha maravilhosa para proteger, a quem amo loucamente e que me apoia em tudo.”
Gascón, então, se desculpou por sua presença nas redes sociais, que ela diz que “tomou um rumo terrível”. Ela também se refere às suas opiniões como “errôneas” e compara suas redes sociais a um diário de reflexões e notas, “não como algo que seria examinado até o último de seus 140 caracteres”. Leia a declaração na íntegra aqui.
A entrevista à CNN espanhola
No começo desta semana, a atriz de Emilia Pérez concedeu uma entrevista em vídeo à CNN espanhola para falar sobre toda a polêmica sobre seus posts. Na conversa, apesar de pedir desculpas por ter ofendido as pessoas, ela afirmou que as declarações foram tiradas de contexto e deu uma declaração que causou ainda mais mal-estar. Ao afirmar que não tinha escrito tuítes ofensivos sobre a colega de elenco Selena Gomez e que não era racista, Gascón disse:
“Nem Selena nem Zoe (Saldaña) podem apoiar qualquer tipo de palavra ou retórica que possa ser confundida com alguém pensar que sou racista ou que tenha dito algo contra os direitos humanos, é óbvio. Elas me conhecem e minha equipe me conhece. Se eu fosse racista, não teria trabalhado com elas”. Você pode conferir a entrevista completa aqui.
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* Matéria originalmente publicada em Glamour US e adaptada pela editora-assistente de Lifestyle Nívia Passos
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Fonte: Glamour

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