Ludovic de Saint Sernin, mais Gaultier que Jean-Paul Gaultier

Ser designer convidado de Jean-Paul Gaultier é como ter que preparar uma tese brilhante sobre um grande tópico da moda. Nesta temporada, foi a vez de Ludovic de Saint Sernin, que se formou com honras.

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Tomando muito do DNA de Jean-Paul (espartilho, transgressão, decadência portuária e um certo je ne sais quoi francês), Ludovic preparou uma coleção de roupas ousadas, sensuais e diabólicas que fizeram Gaultier parecer quase “domesticado”.

Os fãs gritaram e aplaudiram durante todo o desfile, que foi apresentado, como todas as coleções de convidados, dentro da imponente mansão de Gaultier do início do século 20, construída por um filantropo como um salão de reuniões para trabalhadores.

Do look de abertura, um sensacional vestido sereia com espartilho, ao collant com espartilho e botas centurião, o desfile foi um sucesso. Ludovic cortou um espartilho com corpete de crochê no formato de um leme de navio, enquanto outra modelo ostentava um chapéu de galeão em renda.

Uma modelo negra estava sensacional em um vestido de rede arrastão com cauda, ​​um lembrete de que esta casa foi uma das primeiras a adotar o casting multirracial.

O sagrado encontrou o profano em um Ícaro musculoso e esvoaçante, vestindo um sarongue azul cobalto e asas de penas fantásticas, cortesia da Maison Février, os mestres das penas, que até mesmo apresentaram esse elemento em outro desfile de alta-costura na quarta-feira, na Valentino. Enquanto isso, um vestido de renda era sustentado levemente por uma fina âncora de tecido, o único material presente no torso.

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Enquanto uma dupla em traje de crocodilo – uma modelo feminina estilo cavaleira com armadura de pele exótica, seguida por outra vestida com um vestido escultural com estampa de réptil cinza metálico – deixou o público boquiaberto. Ambas as modelos, assim como todo o elenco, adoraram usar essas roupas.

Até os rapazes usaram espartilhos com ilhós, como Ludovic, que deu uma longa volta pela passarela no final, abraçando Jean-Paul como um novato agradecido. De Saint Sernin tem a reputação de ser um estilista talentoso e errático, mas nesta ocasião ele estava exatamente onde precisava estar.

De Saint Sernin intitulou esta coleção de “La Naufrage”, ou “Naufrágio”, e os cabelos do elenco pareciam encharcados e cobertos de algas. Mas esse espetáculo foi, de fato, um triunfo.

Ser convidado para o ateliê de alta-costura de Gaultier é sempre um delicado ato de equilíbrio, mas ninguém conseguiu isso com tanto gosto e habilidade quanto Ludovic de Saint Sernin. Alguém poderia hesitar em usar termos absolutos e dizer qual dos estilistas convidados de Jean-Paul foi o melhor. Os antecessores de Ludovic incluem Chitose Abe, Julien Dossena, Nicolas di Felice, Glenn Martens, Olivier Rousteing, Haider Ackermann e Simone Rocha. Mas uma coisa é certa, depois de ter assistido a todos os desfiles, ninguém recebeu aplausos mais entusiasmados do que Saint Sernin.

Uma grande vitória para ele. De tirar o chapéu.