O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje que o alimento no Brasil tem que ser saudável, mas também “barato”. A afirmação foi feita num momento em que o governo busca fazer uma ofensiva para tentar reduzir a inflação e os preços dos produtos em supermercados do país. Há alguns dias, a gestão petista chegou a anunciar, inclusive, algumas medidas como forma de provocar uma redução dos preços.
“A comida tem que ser saudável. Saudável e gostosa, né? Tem que ser saudável, de qualidade e barata ainda”, enfatizou o presidente. Lula falou sobre o assunto durante a abertura da 6ª edição do Encontro Nacional do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), em Brasília.
Como parte da programação do encontro, o governo anunciou que irá reduzir de 20% para 15% o limite de alimentos processados e ultraprocessados no cardápio das escolas públicas em 2025. O objetivo da medida é “oferecer uma alimentação mais saudável aos estudantes, com cardápios mais equilibrados”.
A mudança será feita por uma alteração na resolução que estabelece diretrizes do Pnae. A medida também regulamenta a aquisição de gêneros alimentícios com recursos do Pnae via agricultura familiar, com prioridade para assentamentos de reforma agrária, comunidades indígenas e quilombolas e grupos formais e informais de mulheres.
Segundo o governo, a iniciativa impacta 40 milhões de alunos em quase 150 mil escolas públicas, que fornecem aproximadamente 10 bilhões de refeições por ano. Em 2024, o orçamento do Pnae foi de R$ 5,3 bilhões, com pelo menos 30% dos alimentos adquiridos da agricultura familiar.
Ao tratar da questão da alimentação, Lula lembrou que, no passado, as pessoas que passavam fome no Brasil acreditavam que engordar era uma coisa saudável. “Para quê perder tempo com alimento saudável se eu compro enlatado americano e todo mundo come. E vai ficar gordão. Porque quando a gente é magro de fome, a gente pensa que engordar é saudável”, citou.
Lula voltou a rebater aqueles que classificam o “investimento em educação” como um “gasto” ou “despesa” do governo. “Quem nunca passou fome não sabe o que é capacidade de não aprender nada [na escola] quando a gente está com fome. É duro não tomar café, não ter um almoço, não ter uma janta, não é possível aprender [com fome]. Gastar R$ 5,5 bilhões em alimentação escolar é muito pouco porque são 40 milhões de pessoas”, argumentou o presidente.
Em seguida, o presidente acusou seus antecessores, na Presidência da República, de esqueceram dos “mais pobres”. “Eles [oposição] falam que eu penso que só eu governei o Brasil, mas é que eles nunca se preocuparam com as pessoas mais pobres. Aí os mais pobres vão sendo esquecidos. O que estamos fazendo é tentar recuperar o tempo perdido, isso a gente não recupera em dez anos ou um dia”, ponderou.
No encontro, também foi lançado o “Projeto Alimentação Nota 10”, que busca capacitar merendeiras e nutricionistas do Pnae em segurança alimentar e nutricional, reforçando a importância de uma alimentação adequada e do direito humano à dignidade. O projeto abrange também questões ambientais e de agricultura familiar.
O investimento será de R$ 4,7 milhões, numa parceria entre FNDE, Itaipu Binacional, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais (Ifsuldeminas) e Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Extensão, Pesquisa, Ensino Profissionalizante e Tecnológico (Fadema). A abordagem busca criar um ambiente colaborativo para promover práticas alimentares saudáveis, sustentáveis e ecologicamente conscientes para mais de 4.500 nutricionistas.
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Fonte: Valor