Maison Margiela Artisanal: estreia hesitante de Glenn Martens

Em uma temporada tranquila de alta-costura em Paris, a cidade precisava de uma estreia de impacto, mas não foi o que aconteceu no primeiro desfile de Glenn Martens para a Maison Margiela Artisanal, realizado na quarta-feira (9) à noite.

Houve, sem dúvida, alguns momentos de verdadeira magia, especialmente uma apresentação aviária muito distinta, desde looks sublimes com penas até casacos ousados ​​e brilhantes, confeccionados em estilo renascentista com estampas de aves de caça.

Os vestidos de festa apresentados no final do desfile, em crepe e seda, com acabamento em pequenas nuvens de renda, mostraram o trabalho de um alfaiate altamente qualificado. Estes foram complementados por uma série de tecidos mistos para interiores, que facilmente se imagina que o fundador Martin Margiela teria adorado.

No entanto, a decisão de cobrir a cabeça de cada modelo com uma máscara, um solidéu ou até mesmo uma panela de cobre acabou se tornando repetitiva. Isso também significou que muitas das modelos foram forçadas a se arrastar pelo espaço. Após o desfile, muitos dos vídeos de iPhone gravados por jornalistas pareciam em câmera lenta, mesmo tendo sido filmados em tempo real.

Apresentado no 104, um espaço de arte e teatro ao norte de Paris, onde Martin Margiela organiza seus espetáculos, o cenário era um palácio de mármore falso que já tinha visto dias melhores.

Os looks de abertura da Martens estavam bem presentes: uma série de vestidos feitos de plástico amassado, sem calcinha visível. As máscaras que os acompanhavam também eram de plástico amassado.

Seguiu-se um esplêndido vestido cônico em um tom de concreto desgastado, com forro e boné com contas prateadas. Nascida como uma marca conceitual, uma série de ternos escuros ou os jeans pintados, assinatura da casa, cobertos de plástico manchado de lama, parecia lógica.

Glenn então se destacou com dois vestidos metálicos gigantescos em ouro amarelo e prata enegrecida, collants e máscaras soberbamente teatrais.

No entanto, embora as roupas devessem ter sido complicadas de fazer, estava claro que eram ainda mais complicadas de usar. Muitas modelos mal conseguiam mover as pernas, e o elenco hesitava até mesmo em se virar enquanto desfilavam pelos vários cômodos e corredores do cenário.

As notas de uma guitarra espanhola anunciaram o início do desfile, cujo crescendo foi “Disarm”, do Smashing Pumpkins. Mas o evento não desarmou nem encantou.

Martens teve uma tarefa difícil, já que o último desfile de alta-costura de seu antecessor foi o mais aclamado da década. Martens sempre foi um estilista extremamente talentoso e ainda parece ser uma boa opção para Margiela.

No entanto, no geral, este desfile pareceu uma pálida sombra da épica apresentação final de Galliano.