Marni joga a carta da colaboração artística

Não há imaginação ninguém mais fértil na moda milanesa do que Francesco Risso, cuja última coleção para a Marni é fruto de uma intensa colaboração artística com os artistas britânicos-nigerianos Olaolu Slawn e Soldier Boyfriend.

Uma colaboração que começou com os três artistas “fechados juntos num estúdio em Londres durante um mês”, nas palavras de Francesco Risso, e que terminou com as suas pinturas expostas nas paredes do espaço de exposição e estampadas em inúmeros fatos. Grandes imagens de lobos, caudas de raposa, pássaros escuros e porcos voadores – fruto de uma residência que o designer apelidou de “The Pink Sun”.

Tudo apresentado num clube de Jazz surrealista, onde cada peça de mobiliário era coberta com toalhas de mesa ou capas de cadeiras pintadas à mão a preto e branco. A coleção de outono-inverno 2025, por outro lado, foi uma explosão de cor.

“Para mim, esta coleção é Marni Preservation Hall”, acrescentou Risso. Antes do desfile, os garçons serviram Martini de Vermute enquanto os convidados admiravam a arte.

Uma moda cool e composta: casacos Crombie que se transformam em casulos, saias tubulares que dão um toque especial e camisas que ganham nova forma em vestidos. “Desconstruído ou reconstruído, quis mostrar o meu amor pela Marni, onde cada peça é ‘um armazém de conhecimento’”, explica Francesco Risso, como sempre filósofo.

O pragmatismo mistura-se com o sentido prático, afirma. As flores bordadas florescem em vestidos de cetim e os vestidos ganham formas biomórficas fantásticas.

Risso até se entregou a algumas piadas internas, incluindo usar o seu amigo íntimo e colega designer Laurence Steele como modelo, com um casaco ao estilo eduardiano decorado com caudas de raposa. Também vestiu a sua amiga Aymeline Valade com um vestido vitoriano de ombros largos em cetim vermelho, rematado com ombros de lã preta de onde despontavam flores de tecido. As costas do vestido estavam adornada com uma estampa de uma cabeça de abóbora, que serviu de pano de fundo para o desfile.

Slawn e Soldier são ambos artistas nigerianos radicado em Londres, que Francesco conheceu por acaso: “Slawn é um artista instintivo, Soldier é um criador de estilo renascentista. Eu esculpo com cores”, explica Risso muito entusiasmado, que organizou uma apresentação das obras na sua casa em Milão, na noite de quarta-feira, 26 de fevereiro.