Base de composto é feita com lignina, subproduto gerado principalmente pela indústria de papel que pode fornecer alta absorção de água

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Um composto formado por lignina, catalisadores e aditivos pode ser peça-chave nas estratégias de prevenção de deslizamentos de terra — e, de quebra, aumentar a produtividade agrícola promovendo sustentabilidade ambiental.
O material foi desenvolvido após dois anos de pesquisas lideradas pelo físico Stanislav Mochkalev na Universidade de Campinas (Unicamp) e patenteado recentemente pelo Centro de Componentes Semicondutores e Nanotecnologias (CCSNano).
A base do composto é a lignina, subproduto gerado, principalmente, pela indústria de papel e celulose, que costuma ser descartado ou usado como combustível. Os pesquisadores conseguiram transformar o pó da mistura inicial em material sólido por meio de processo térmico realizado em um micro-ondas.

Qual foi o resultado?
- O resultado foram cápsulas de 1 cm³ a 3 cm³ altamente porosas com alta capacidade de absorção de água — até cinco vezes o seu peso em água — e resistência mecânica, ideal para áreas que recebem grandes volumes de chuvas;
- “Nosso processo permite transformar a lignina em estruturas grafíticas porosas dentro de apenas 30 segundos, enquanto os métodos tradicionais levam de uma a três horas”, explicou a química Silvia Vaz Guerra Nista, uma das pesquisadoras, ao jornal da Unicamp;
- Os testes também mostraram que a estrutura porosa facilita a liberação controlada de fertilizantes e outros insumos agrícolas;
- Além disso, o material pode aumentar a fertilidade do solo a longo prazo por desenvolver ambiente rico em microorganismos durante sua degradação.
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Aplicação do composto para impedir deslizamentos na vida real
Ainda em fase experimental, o composto, agora, será testado em larga escala para que os cientistas possam avaliar o desempenho do material sob condições climáticas variadas e em diferentes tipos de solo.
“Queremos verificar como o material se comporta em situações reais, como em áreas suscetíveis a deslizamentos de terra ou em regiões áridas, onde ele pode ajudar a reter a água no solo e melhorar a produtividade agrícola e os processos de reflorestamento”, conclui Mochkalev.

Colaboração para o Olhar Digital
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero
Fonte: Olhar Digital