Os próprios agentes que operam o mercado de criptomoedas no Brasil precisam demonstrar aos órgãos reguladores que a atividade é segura e confiável, disse em evento Evandro Vieira, head de ativos digitais e blockchain do Santander. Para o executivo, a iniciativa privada precisa trabalhar no âmbito educacional para mitigar as preocupações que existem no Estado.
“Se nós, que conhecemos a operação, não conseguirmos levar ao regulador de forma que dê confiança, quem errou fomos nós”, declarou. “Temos que mostrar que conseguimos prevenir lavagem de dinheiro e detectar os clientes. Se dermos essa tranquilidade ao regulador, a inovação vai avançar”, acrescentou. Hoje, o Santander Brasil oferece a compra e venda de criptomoedas a seus clientes por meio da plataforma Toro Investimentos.
O executivo contou que, antes de trabalhar no Santander, esteve na empresa de análise de blockchain Chainalysis, e conseguiu provar para as autoridades por meio de palestras e cursos que o bitcoin (BTC) não era tão anônimo e irrastreável quanto se pensava. “Depois de educarmos sobre a rastreabilidade e mostrarmos como era possível até mesmo sequestrar ativos de criminosos, conseguimos avançar na institucionalização do bitcoin”, argumentou.
Ao lado de Evandro, Alexandre Vasarhelyi, CIO do B2V Crypto, afirmou que fazer compliance na tecnologia blockchain é mais fácil do que no sistema financeiro tradicional, uma vez que os dados são registrados publicamente e não podem ser apagados. “Um programa de computador que rastreie blockchain no mercado de pagamentos vai conseguir acabar com a maioria dos golpes”, disse.
Os dois executivos também exaltaram o sucesso das stablecoins, as criptomoedas de valor atrelado ao de alguma divisa tradicional como o dólar, em termos de expandir a adoção dos criptoativos através da eficiência. “As stablecoins são o primeiro produto cripto com penetração de mercado. É a forma mais barata de comprar dólar”, disse Vasarhelyi.
As declarações foram feitas durante o Fintech Summit 2025, em São Paulo, em um painel sobre ativos digitais.
Fonte: Valor