Mercados da Ásia e Oceania derretem com incertezas sobre impacto de tarifas de Trump na economia global | Finanças

Os mercados da Ásia e da Oceania despencam na manhã desta segunda-feira (7), por volta de 10h no horário local (22h de domingo no Brasil), diante da reação às tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos contra vários países, como as retaliações de China e União Europeia à taxação e também às perspectivas sombrias de desaceleração global da economia. Os mercados asiáticos vivem seu pior momento desde a decretação da pandemia de covid-19 em março de 2020.

Na noite do domingo nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump foi questionado por repórteres a bordo do Air Force One sobre o tombo nos mercados globais e respondeu que ele não derrubou os mercados intencionalmente, mas se recusou a prever como estarão no futuro.

“O que vai acontecer com o mercado? Não posso dizer”, disse Trump. “Mas posso dizer, nosso país ficou muito mais forte e, eventualmente, será um país como nenhum outro”, afirmou.

Na Bolsa de Tóquio, o índice referencial Nikkei chegou a cair 8,5%, no maior tombo desde outubro de 2023 e levando ao acionamento do “circuit breaker”. O índice recuperou-se um pouco para chegar num recuo de 6,0%, com ações da Honda caindo 7,1%, Chubu Electric Power perdendo 7,5% e Astellas Pharma recuando 6,8%. O iene se valoriza frente ao dólar, a 145,58, o que piora a perspectiva para as empresas exportadoras.

A situação levou o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, a dar uma declaração na manhã desta segunda-feira em Tóquio, afirmando que seguirá conversando com Trump para obter tarifas mais baixas, mas admitiu que “os resultados não virão da noite para o dia”.

Na Bolsa de Seul, uma forte liquidação nas ações levou o regulador de mercado do país a interromper brevemente a negociação de ações locais pela manhã, acionando o limite de “sidecar” de cinco minutos para interromper ordens de negociação após o índice referencial Kospi afundar 5,2%.ão foi retomada.

A última vez em que o limite “sidecar” havia sido ativado foi em agosto de 2024. As negociações voltaram na Bolsa de Seul, mas o Kospi recua 5,0%, com a principal ação do índice, a da Samsung Electronics, caindo 4,1%. SK Hynix perde 6,6% e Hyundai declina 5,7%.

Na Bolsa de Sydney, na Austrália, o referencial S&P/ASX 200 recua 6,0% no pregão desta segunda-feira, caminhando para os piores momentos desde março de 2020, no anúncio da pandemia de covid-19. Todos os 11 setores do S&P/ASX 200 estão profundamente no vermelho, já que os traders reduziram o risco devido aos temores sobre o impacto potencial de uma guerra comercial global liderada pelos Estados Unidos.

Bancos, mineradoras e produtores de energia foram todos pegos na turbulência, com apenas três ações evitando liquidação. Os bancos ANZ, NAB, Westpac e Commonwealth, geralmente vistos como porto-seguro devido ao apoio estatal e dividendos quase garantidos, caíram entre 6,5% e 7,8%.

Na Malásia, o referencial Kuala Lumpur Composite Index cai 3,0%, com os investidores avaliando o impacto das tarifas americanas e da retaliação chinesa, sustentando o sentimento de aversão ao risco. Entre as maiores quedas, YTL Power International cai 6,6% e Axiata Group recua 6,0%.

Os futuros dos índices dos mercados americanos prenunciam uma segunda-feira difícil em Wall Street. O futuro do S&P 500 perde 4,2%, enquanto o do Dow Jones Industrial Average recua 3,5%. O futuro do Nasdaq declina 5,3%.

Na última sexta-feira, apenas 14 das 500 empresas do índice S&P 500 não perderam valor.

O preço do petróleo bruto caiu para seu nível mais baixo desde 2021. Outros commodities de construção essenciais, como o cobre, também viram os preços caírem devido às preocupações de que a guerra comercial enfraquecerá a economia global.

A resposta da China às tarifas dos Estados Unidos causou uma aceleração imediata das perdas nos mercados em todo o mundo.

O Ministério do Comércio da China anunciou que responderia às tarifas de 34% impostas pelos EUA sobre as importações da China com sua própria tarifa de 34% sobre as importações de todos os produtos americanos a partir de 10 de abril, entre outras medidas.

As bolsas chinesas abriram por volta de 10h30 no horário local (22h30 de domingo no Brasil) seguindo no modo pânico dos outros mercados da Ásia, com o índice Hang Seng, de Hong Kong, em tombo de 9,5%, zerando os ganhos de 2025.

Os investidores avaliam o alcance negativo da retaliação da China sobre as importações dos Estados Unidos, com a mesma tarifa recíproca de 34%.

“A última contramedida da China foi ampla e decisiva, e isso gerou temores de que os Estados Unidos tenham iniciado uma guerra comercial global que levará a uma recessão”, diz a equipe de Pesquisa de Economia e Mercados Globais do UOB em um relatório de pesquisa.

A intensa liquidação de ações asiáticas deve persistir nesta semana, com as ações chinesas “tentando recuperar o atraso” no lado negativo, acrescenta o UOB.

Sunny Optical Technology e Lenovo perdem 17%. China Hongqiao Group cai 16% e Zijin Mining Group está 13% menor. O Índice Hang Seng Tech cai 11%.

Na China continental, os índices referencias das Bolsas de Xangai e Shenzhen recuam 5,8% e 8,2%, respectivamente. “Uma guerra comercial total entre a China e os Estados Unidos seria um desastre para a economia global”, diz o economista-chefe da Pinpoint Asset Management, Zhiwei Zhang, em uma nota.

As ações de hardware e software de tecnologia lideram as perdas. Foxconn cai 10%, Hangzhou Hikvision Digital Technology recua 6,2%, iFlytek perde 8,3% e Beijing Kingsoft Office Software opera em queda de 2,8%.

Na Bolsa de Taiwan, o referencial Taiex opera em baixa de 9,7%, pior desempenho intraday desde 1990. O mercado de ações de Taiwan ficou fechado na última quinta e sexta-feira devido a feriados e reflete nesta segunda-feira os temores que derrubaram os mercados globais desde a semana passada.

Embora os semicondutores estejam atualmente isentos de tarifas, Trump afirmou que as tarifas sobre chips serão anunciadas em breve, o que atinge em cheio a economia de Taiwan.

O peso pesado do índice Taiex, a fabricante de chips TSMC, tem perda de 10% em suas ações. Foxconn recua 9,8%. O Goldman Sachs rebaixa as ações de Taiwan para underweight devido à sua alta exposição ao mercado dos Estados Unidos.

Fonte: Valor

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