Momad reorganiza calendário e antecipa edição de verão de setembro para julho

O salão de moda, calçado e acessórios, organizado pela Ifema revê a sua estratégia e antecipa o calendário a partir do próximo ano. “As nossas feiras são um reflexo do comportamento do consumo, e este já mudou há alguns anos”, explicou Julia González, diretora da Momad, Bisutex, Intergift e MadridJoya, revelando que a alteração de datas foi definida após uma consulta as comissões organizadoras de cada feira, realizada em junho passado. Além disso, com esta decisão, o evento evitará se sobrepor ao Grande Prêmio de Espanha de Fórmula 1, que terá a sua primeira edição em setembro de 2026 no recinto da capital espanhola.

Assim, a próxima edição estival da Momad ocorrerá de 23 a 25 de julho de 2026, se antecipando a outros certames europeus do calendário feiral, como a dinamarquesa CIFF e a francesa Who’s Next. A estratégia implicará que o salão de moda passe a realizar-se de forma autônoma, na sequência do projeto intersetorial iniciado em 2021, ao abrigo do qual as quatro feiras eram organizadas em simultâneo. No entanto, a organização não exclui levar a essência da Momad a setembro, recorrendo a outros formatos, podendo mesmo mudar de nome. “Poderíamos fazer em julho algo mais boutique e dar resposta aos que queiram vir em setembro com outras alternativas”, acrescentou González.

Por seu lado, os salões Intergift e MadridJoya também terão uma série de alterações nas próximas edições. O salão de joalharia passará a ter apenas uma edição por ano, eliminando a de fevereiro, enquanto a Intergift, dedicada ao setor dos presentes, da decoração e dos artigos para o lar, passará igualmente a contar com uma única edição anual, realizada em fevereiro. 

Esta última edição da Momad, realizada entre 11 e 13 de setembro, ficou também marcada por um pequeno ajuste de calendário, passando a decorrer de quinta a sábado, em vez do tradicional encerramento ao domingo das últimas edições. “Graças a esta mudança, os expositores terminarão com uma sensação positiva, de terem podido trabalhar ainda mais”, argumentou Juan José Estevez, diretor do negócio feiral, revelando que, em edições passadas, o domingo costumava ser um dia de menor tráfego. Na ausência dos dados oficiais da feira, a organização afirmou que, durante o primeiro dia, o trânsito de pessoas cresceu 20% face à mesma jornada da edição anterior. 

“A mudança foi muito boa”, celebraram no stand da empresa familiar JVZ, sediada em Utrera (Sevilha), admitindo, no entanto, que, no segundo dia do evento, os corredores registraram uma quebra de afluência. Um sentimento partilhado pela marca barcelonesa de estilo boho Meisïe, que partilhava stand com a Skatïe, criada pelos mesmos fundadores. “Notamos que há menos movimento nas feiras de verão do que nas de inverno”, apontaram, observando que “antes a feira era muito maior, enquanto agora tem apenas um pavilhão, partilhado com calçado e acessórios”.

Além das marcas veteranas, a Momad também dedicou um lugar de honra a designers emergentes, como a criadora radicada em Don Benito, Badajoz, Ana Sánchez. A empresária, que lançou a sua marca em outubro de 2020, participou pela primeira vez no evento após ter recebido um prêmio no concurso Code 41 Talent, apoiado pela Momad e realizado no âmbito da Semana Internacional da Moda na Andaluzia. “Estou aproveitando esta primeira participação como montra e com o objetivo de encontrar fornecedores”, revelou Sánchez, confessando que o seu desejo é poder abrir um ateliê num futuro próximo.

Uma das novidades da edição foi a reorganização física dos espaços, transferindo a Momad para o pavilhão 10 e cedendo o seu habitual pavilhão 8 ao salão Bisutex, com o objetivo de aproximar as localizações e facilitar sinergias. Uma das marcas que mais beneficiou com esta mudança foi a marca de roupa e bolsas Alexs, de Guadalajara, que, na sua terceira participação na feira madrilena, apresentou uma nova proposta de casacos de lã que “está agradando muito”. Para lá da sua presença na feira de moda, o designer Alejandro Muñoz, fundador e diretor criativo da marca, pretende continuar a crescer com o lançamento de uma nova coleção, que ambiciona apresentar, no futuro, na plataforma de talentos emergentes Ego, organizada no âmbito da Mercedes-Benz Fashion Week Madrid.
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Outra das grandes apostas da edição foi a participação de uma seleção de marcas colombianas no programa “Puente”, uma iniciativa promovida pela Câmara de Comércio de Bogotá em colaboração com a Bogotá Fashion Week. Através deste projeto, que procura impulsionar o desenvolvimento de pequenas e médias empresas colombianas a nível nacional e internacional, cada marca participante contou com o seu próprio espaço dentro de um stand coletivo. “Nos correu bem e o conceito que trouxemos agradou muito. Conseguimos contatos de diferentes países e regressamos com ótimas sensações”, partilhou a Kott Risk, que participava pela primeira vez em Madri depois de ter desfilado em várias edições da BFW. Por seu lado, a marca With Love María sublinhou igualmente a recepção obtida: “Foi uma primeira experiência muito positiva. Todo mundo foi muito caloroso e muito atencioso.”

Esta edição de setembro somou mais 25 expositores do que a anterior, com marcas estreantes como a Polín et Moi e a francesa Cacharel, que se encontra em pleno processo de relançamento. Participaram também marcas veteranas como Victoria, Surkana, Carla Ruiz, a portuguesa Scusi e o coletivo Málaga de Moda. No total, as feiras organizadas pela Ifema Madri reuniram mais de 700 empresas expositoras, das quais 300 na Momad, provenientes de 20 países de todo o globo. O salão especializado em moda e acessórios regressará ao recinto madrileno entre os dias 5 e 7 de fevereiro de 2026 para a sua próxima edição de inverno.