Moraes diz a Cid que identificou juiz que repassava informações

Ao colher o depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, disse já ter conhecimento da identidade do juiz do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que repassava informações sobre a sua localização para dois integrantes das Forças Especiais do Exército, os chamados “kids pretos”, acusados de um suposto plano para assassinar Moraes.

Na delação premiada tornada pública nesta quarta-feira (19), Cid disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) determinou o monitoramento de Moraes por desconfiar que seu vice, Hamilton Mourão, estava se encontrando com o ministro.

“É bem clássico das operações de inteligência das Forças Especiais, é compartimentação da informação e necessidade do saber. Então, tanto do contato, é contato dele [coronel Marcelo Câmara], eu não quero saber, porque, se muita gente ficar ligando para o contato, acaba caindo o contato. O que sei é o que falei para o senhor daquele ministro, daquele elemento do TSE”, disse Cid em um trecho do depoimento.

Moraes emenda em seguida: “Não é um ministro, é um juiz que nós já identificamos”. A identidade do juiz não foi revelada na conversa.

Além da desconfiança de Bolsonaro em relação a Mourão, Cid disse desconhecer outros motivos para que Moraes fosse monitorado. 

“Eu não tinha noção de que podia ser algo grave assim de sequestro, assassinato ou, sei lá, até que ponto eles poderiam chegar”, afirmou Cid sobre o suposto plano para eliminar Moraes.

PGR denunciou Bolsonaro e outras 33 pessoas ao STF

Na terça-feira (18), o procurador-Geral da República, Paulo Gonet, denunciou Bolsonaro e mais 33 pessoas  ao Supremo Tribunal Federal (STF), por suposta trama golpista. Entre os denunciados estão integrantes do “kids pretos”

A PGR acusa os denunciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

Ainda na terça, a defesa de Bolsonaro classificou a denúncia da PGR como “inepta”, “precária” e “incoerente”. A defesa do ex-presidente também alega que a denúncia é baseada em um acordo de colaboração “fantasioso” de Cid.

Fonte: Gazeta do Povo

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