Morre no Rio o empresário Carlos Mariani, aos 87 anos | Empresas

Um dos estrategistas do desenvolvimento da indústria brasileira, em particular a petroquímica e a fluminense, e um dos mais influentes líderes empresariais do país, Carlos Mariani Bittencourt morreu aos 87 anos nesta segunda-feira (10), no Rio.

Engenheiro mecânico e engenheiro econômico e administrador industrial formado pela Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, atual Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1959 e 1960, respectivamente, Carlos Mariani representou a indústria brasileira em uma série de negociações internacionais, incluindo o Tratado de Assunção, que estabeleceu o Mercosul.

Mariani foi ainda um dos fundadores do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e ex-presidente do conselho do lado brasileiro do Grupo de Notáveis para uma Parceria Econômica Estratégica entre o Brasil e o Japão (Wise Group). Também esteve à frente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), onde foi seu líder mais longevo — entre 1987 e 1991, e de 1993 a 2007, e participou da diretoria da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro.

Iniciou suas atividades profissionais em 1961 como engenheiro mecânico na Magnesita. Em 1969, passou a assessorar o Banco da Bahia Investimentos (hoje Banco Bocom BBM). Em 1975, deixou a Magnesita para se dedicar exclusivamente à atividade petroquímica, como membro dos conselhos de administração da Pronor, Nitrocarbono e Copene Petroquímica do Nordeste, que eram controladas pela família Mariani.

Reconhecido por seus pares pela educação, discrição e gentileza, Carlos Mariani era filho de Clemente Mariani, banqueiro, político, empresário, advogado, professor e ex-ministro da Educação e da Fazenda, além de ex-presidente do Banco do Brasil.

“Aprendi com dr. Carlos Mariani uma lição que é, aparentemente, paradoxal: podemos ser um bom negociador e, ao mesmo tempo, um ‘gentleman’ que sabe respeitar e admirar as qualidades do interlocutor”, conta o empresário Frank Geyer Abubakir, controlador da Unipar — concorrente do negócio petroquímico dos Mariani.

Segundo Abubakir, Mariani foi um dos responsáveis pela fundação da indústria petroquímica nacional, carregando a tradição intergeracional de uma das mais importantes famílias de empresários financeiros e industriais do Brasil.

“De maneira mais pessoal, não posso deixar de agradecer uma grande ajuda, generosa e nobre, no começo de minha vida profissional há mais de 25 anos, quando dr. Carlos me concedeu a oportunidade de prestar serviços na área de seguros para suas indústrias”, diz.

Nascido na Bahia em 22 de novembro de 1937, Carlos Mariani foi 1º vice-presidente da Firjan durante cinco mandatos. Também foi presidente do Conselho Empresarial de Economia da Firjan, entre 1995 a 2014, e presidente do Conselho de Administração da Participações Industriais do Nordeste (PIN) e da PIN Petroquímica.

Em 2005, recebeu a Ordem do Mérito Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e, em 2008, a Medalha do Mérito Industrial da Firjan.

“Carlos Mariani foi um líder visionário que deixou uma marca indelével na indústria nacional. Sua visão e comprometimento são profundamente admirados, e seu legado continuará a inspirar as futuras gerações de líderes industriais”, disse em nota de pesar o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano.

Em nota, a Abiquim ressaltou que sua morte representa uma “grande perda” para o setor químico, onde teve participação ativa nos principais movimentos de expansão, privatização e consolidação — incluindo a criação da Braskem, maior produtora de resinas termoplásticas das Américas.

“Na visão dos que trabalharam ao seu lado: um companheiro de finíssimo trato, inata diplomacia, honroso e valoroso. Seu principal legado para a Abiquim é a legitimidade que construiu de uma associação de reputação ilibada”, informou a entidade, em nota de pesar.

A CNI, por sua vez, destacou que, além do espírito empreendedor, Mariani era um “defensor obstinado do associativismo”. “A dedicação, o entusiasmo e a competência de Carlos Mariani Bittencourt inspiraram a todos que tiveram o privilégio de trabalhar ao seu lado”, diz a nota.

O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) lamentou em nota a perda do ex-conselheiro e destacou seu papel de “grande formulador de ações e políticas para o desenvolvimento da economia brasileira e da indústria nacional”.

Fonte: Valor

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