MST vai participar de desfile das escolas de samba em Curitiba

Entre as chuvas e calor escaldante foi dado início à quarta edição do curso de Carnaval do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Paraná, popularmente conhecido como “MST no Carnaval”. O curso começou no dia 17, na capital Curitiba, contando com jovens de todas as regiões do estado, em um ambiente de aprendizado e celebração da cultura popular. E no próximo sábado (1), o grupo participará do desfile com a escola Leões da Mocidade e no domingo (2) vai para avenida com escola Vai na Fé.

A proposta do curso gira em torno de promover inserção e vivências dos jovens na cultura do samba e com as escolas de samba, somada à formação política. A programação é recheada de oficinas de percussão, agitação e propaganda, escrita criativa, aulas completas de música e política no Brasil, da importância das escolas de samba para o povo brasileiro e de pandeiro, além de ensaios com a escola de samba Leões da Mocidade, na qual, ao final do curso, os jovens tocam e desfilam.

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Durante os dias de formação, os 20 jovens do curso têm a oportunidade de mergulhar no universo carnavalesco, que vai além do ritmo e da fantasia, explorando também seu papel como instrumento de resistência e transformação social.

“O curso é um processo e não um evento. Ele tem uma caminhada, começa lá nos cursos de música e desemboca aqui no 4° curso de carnaval e no quinto ano com a Leões. Pra gente, do MST, é muito importante porque além de agregar a nossa juventude e pessoas de mais idade também, ele agrega desde o ponto de vista das linguagens artísticas, então tem muita gente que nunca teve acesso e sempre teve interesse e vontade e aqui consegue desenvolver essa parte rítmica musical e esse aspecto mais cultural, que é importante porque a gente se vincula com o território urbano e com esse universo das escolas de samba”, relata Celio Andrei Schmidt, integrante da coordenação do MST Paraná.

“Cria uma simbiose, que é benéfico pra ambos os lados, então a gente evolui como coletivo da Unidos da Lona Preta nas mais diversas áreas e também contribui em alguma medida para politizar um pouco mais o discurso do público que está envolvido nesse espaço que são as escolas de samba”, completa o companheiro, que é morador do acampamento Padre Roque Zimmermann e membro da Unidos Da Lona Preta – acompanha o curso desde sua primeira edição.

Unidos da Lona Preta do MST chegou a Curitiba em 2019

A Unidos da Lona Preta não é tão recente quanto parece. O início foi há 20 anos, em São Paulo, pela necessidade das batucadas nas atividades do movimento. Desde então, se aprimora como um trabalho da cultura popular do samba, unindo o campo e a cidade. No Paraná o pedido da necessidade da batucada por parte da juventude Sem Terra se tornou gritante durante a Vigília Lula Livre, em 2018.

Em 2019 a Unidos se integra na cena carnavalesca curitibana quando um grupo de jovens Sem Terra se junta a comunidades urbanas na construção de fantasias para a escola Leões da Mocidade – a partir dessa cooperação, a Unidos da Lona Preta é construída e fixada em todo o estado. Em 2020 ocorre a primeira edição do curso MST no Carnaval em Curitiba.

Emily Natalia Paz, uma das jovens participantes da 4ª edição do curso e moradora de uma comunidade urbana chamada Mariele Vive, em Palmas, no sudoeste do estado, explica que “antes de vir pro curso, eu nunca tinha parado para pensar no que é samba, e vindo pra cá começaram a explicar que samba é muito mais que barulho, não é só a música, tem uma história, uma luta por trás, uma paixão. E o curso é uma ponte incrível, eu sou da cidade e pra mim é sensacional isso, que eles estão lá mas podem estar aqui com a gente também”.

Juliana Barbosa, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pesquisadora da área, além de jurada do famoso Estandarte de Ouro, fez uma visita ao curso da juventude e compartilhou um pouco de seus conhecimentos sobre o samba brasileiro. “Eu achei muito legal saber que o MST tem essa organização com as escolas de samba, de participar das baterias, e isso tem muito a ver com a com a cultura do MST, que é essa cultura da coletividade de formar as pessoas desde a base, e isso tem muito a ver com o samba, isso é Brasil”, conta.

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Fonte:Bem Paraná

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