Por
Reuters
Publicado em
29 de setembro de 2025
Os investidores vão se centrar nos planos de marketing da Nike para o próximo ano, quando a empresa apresentar os seus resultados na terça-feira, após vários trimestres fracos em que os rivais lhe retiraram quota de mercado e as tarifas elevadas penalizaram os bens importados.

A empresa, em plena recuperação sob a liderança do CEO Elliott Hill, demonstrou interesse em campanhas publicitárias de grande porte no ano findo em maio, aumentando seus gastos com marketing para 1,63 bilhão de dólares, um aumento de 9% em relação ao ano anterior. O próximo ano trará um dos maiores eventos de marketing esportivo da década: a Copa do Mundo.
Segundo David Swartz, analista da Morningstar, os planos de marketing em torno do Campeonato, que se realizará em junho do próximo ano nos EUA, Canadá e México, serão uma prioridade para os principais investidores nos próximos meses.
A teleconferência de terça-feira poderá também lançar luz sobre os esforços contínuos da Nike para enfrentar tarifas asfixiantes. A Nike fabrica quase todo o seu calçado no Vietnã, na China e na Indonésia — países sujeitos a tarifas elevadas impostas pelo Presidente dos EUA, Donald Trump.
A empresa afirmou em junho que as tarifas acrescentariam aproximadamente um bilhão de dólares em custos, embora planejasse reduzir as importações da China de cerca de 16% para menos de 10%.
As campanhas de marketing da Nike no último ano se centraram, em grande medida, em restabelecer a marca como a escolha de eleição para atletas de alto rendimento, um estatuto que lhe tinha escapado nos últimos anos. A Nike precisa de continuar a reforçar essa mensagem, disse Swartz: “Precisamos de ver algum progresso no regresso à relevância”.
O Campeonato do Mundo tem um alcance igualado por poucos eventos esportivos, e a Nike patrocina cinco das 10 seleções nacionais mais bem classificadas no ranking da FIFA, incluindo o Brasil, a França e a Inglaterra. As suas despesas de vendas e marketing deverão ultrapassar os 5 bilhões de dólares em 2026, de acordo com estimativas da LSEG.
A receita do trimestre terminado em agosto deverá cair cerca de 5% face ao ano anterior, enquanto a margem bruta, como percentagem da receita, deverá diminuir cerca de 3,7%, de acordo com dados da LSEG.
A Nike tem perdido quota de mercado para rivais mais jovens, como a On e a Hoka, da Deckers, o que tem contribuído para o seu fraco desempenho nos últimos trimestres. A procura nos principais mercados — especialmente na China — tem sido irregular, à medida que a Nike tenta equilibrar as suas estratégias de venda no atacado e de venda direta ao consumidor. Tem aplicado descontos em alguns artigos enquanto trabalha para reduzir stocks.
A empresa também tem enfrentado dificuldades no segmento de athleisure feminino face a concorrentes como a Lululemon. Na sexta-feira, lançou a NikeSKIMS, numa parceria muito aguardada com a marca de Kim Kardashian.
No entanto, Swartz afirmou que será necessário algum tempo para avaliar o seu sucesso, uma vez que “as tarifas podem afetar a procura de vestuário esportivo durante algum tempo”.
O mercado global de calçado esportivo, estimado em cerca de 183 bilhões de dólares este ano, deverá crescer para 258 bilhões de dólares até 2030, de acordo com a empresa de estudos de mercado Mordor Intelligence, sediada na Índia.
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Fonte: Fashion Network