Está enganado quem acha que o clássico copo americano e as mesas de boteco estão fora de moda. É verdade que, pelo menos por um tempo, a moda era ser mais ‘gourmet’. No entanto, os novos empreendimentos em Curitiba dizem o contrário. O ‘cool’ é a simplicidade, beber uma boa cerveja de garrafa, cantar no karaokê ou até dar belas passadas na roda de samba.
O setor de bares e restaurantes de Curitiba está em alta nos últimos 12 meses. Em fevereiro e março do ano passado, por exemplo, o setor teve um aumento de 20% no faturamento. A expectativa para 2025 é que a alta continue, principalmente agora com o carnaval se aproximando. Os dados são da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Brasil (Abrasel)
Com a alta, nada melhor que propor novas (ou antigas) formas de se reunir. Na capital paranaense, mesmo com o tempo instável e as fortes chuvas, alguns bares têm apostado em ocupar as ruas, com guarda-sois e as mais tradicionais cadeiras e mesas. A ideia, de fato, não é nova. Relembra os bons e velhos botecos de esquina – ponto de encontro de muita risada, cerveja, petisquinhos e amizade. A cara do Brasil.
Mesa Boteco: vai uma cerveja de garrafa aí?
Em uma esquina charmosa de Curitiba, na famosa rua Prudente de Moraes, está o Mesa Boteco. Comandado pelos mesmos sócios do ‘Janela’, Paiva, Pedro, Felipe e Jenny, o ‘Mesa’ surgiu inspirado em botecos do interior.
“O Mesa é uma evolução do Janela. A gente já tinha uma proposta voltada para drinks e chope, mas percebemos que faltava algo: a cerveja de garrafa e aquele clássico clima de boteco,” conta Paiva, responsável pelo branding e marketing do bar.
“Queríamos algo sem frufru, mas bonito e bem pensado. A fachada é pintada à mão, a decoração é minimalista e prática, com elementos como baleiros e copos expostos,” explica Paiva. A ausência de elementos “instagramáveis” é proposital: o foco está na comida, na bebida e na conexão entre as pessoas.
No cardápio, porções como torresmo, polentinha e medalhão enrolado de bacon fazem sucesso. A ideia é oferecer opções acessíveis para que o cliente possa frequentar o bar “sem se planejar”, com porções a partir de R$10.
Além do cardápio, outra escolha do boteco foi optar pela cultura bem brasileira no repertório musical. Desde a inauguração, o Mesa tem promovido rodas de samba mensais. “Queríamos trazer estilos musicais que reforçassem essa cultura raiz. A roda de samba foi a primeira ideia e tem sido um sucesso,” comenta Paiva.
Mesmo com a chuva, o Mesa está sempre com o espaço externo aberto para os clientes. “A gente sempre gostou de explorar o ambiente urbano e trazer as pessoas para ocupar esses espaços. Isso é algo que já funcionava no Janela, então resolvemos expandir para o Mesa,” contou, Jenny, outra sócia do bar.
Inácio Bar: comida boa, amigos, karaokê e o que mais há de bom
Em outra parte de Curitiba, e dessa vez na rua Inácio – que dá nome ao bar – está outro ‘novo boteco’ da cidade. Quem passa pela rua histórica com certeza já viu uma galera reunida, comendo espetinhos e soltando a voz no bom e velho karaokê. O bar nasceu do desejo de Emily Matos, de 31 anos, em criar um espaço para reunir os amigos.
“A ideia surgiu em 2017, quando a balada onde eu trabalhava fechou. Esse lugar era o ponto de encontro dos meus amigos, e de repente nos vimos órfãos de um espaço para reunir todo mundo. Desde então, fiquei com a ideia fixa de abrir um lugar que pudesse ser o berço desses encontros,” conta Emily.
Depois de anos procurando o local ideal, Emily finalmente encontrou um ponto e não pensou duas vezes antes de alugar. Abriu o bar em setembro de 2023. A escolha pela estética de boteco não foi por acaso. Emily cresceu em Campo Magro, na região metropolitana de Curitiba, onde seu padrasto tinha um bar. “Me criei no boteco, servindo shot de cachaça pros velhos,” relembra com bom humor.
O cardápio é típico de boteco também, com preços a partir de R$12. O espetinho, que foi testado no aniversário de Emily, virou o carro-chefe do bar. Um “erro” na cozinha criou o “pão com ragu”, que hoje é um dos pratos mais populares. E a carne de onça, servida em edições limitadas, também conquistou os clientes.
Agora, se tem algo que fez sucesso no Inácio foi o karaokê, a ideia também surgiu só para amigos, mas se expandiu e virou um verdadeiro sucesso. “Eu fiz o karaokê pra mim, pra gente cantar aqui no bar. O cozinheiro também canta, e é muito divertido ver os clientes se soltando,” conta.
Com um ano e alguns meses, o Inácio já foi indicado ao Prêmio Bom Gourmet e chegou à fase final. A verdade é que passam-se os anos, mas ninguém resiste ao copinho americano, com uma boa gelada, petisco maroto e, claro, aquela companhia.
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Fonte:Bem Paraná
