“O Morro dos Ventos Uivantes” na Lombardia

Traduzido por

Helena OSORIO

Publicado em



27 de fevereiro de 2025

Poucos romances alimentaram tanto a criatividade como “O Morro dos Ventos Uivantes”, de Emily Brontë, fonte de inspiração para a mais recente coleção da marca italiana natural de Reggio Emilia, Max Mara, apresentada em Milão na manhã de quinta-feira, 27 de fevereiro.

Max Mara – Outono-Inverno 2025/26 – Womenswear – Milão – ©Launchmetrics/spotlight

Max Mara é a segunda grife nesta temporada a a inspirar-se no conto romântico gótico clássico de Brontë, seguindo Altuzarra em Nova York há duas semanas. Enquanto Joseph Altuzarra imaginou sua heroína navegando pela selva urbana com graça, Ian Griffith, da Max Mara, criou roupas para “uma mulher navegando pelos corredores do poder, não pelos pântanos de Yorkshire”.
 
Embora ainda houvesse uma sensação de proteção contra os elementos — e até mesmo a inveja de outras mulheres — o elenco caminhou com total segurança por quatro passarelas dentro do Palazzo del Ghiaccio, uma enorme pista de gelo no leste de Milão.

“Esta temporada foi toda sobre as irmãs Brontë. Eu simplesmente acordei uma manhã e queria desenhar saias grandes. Pensei, que história posso aplicar a isso? E o seu mood era tão perfeito”, acrescentou o designer.

O próprio moodboard de Griffiths estava repleto de lembretes do poder de “O Morro dos Ventos Uivantes”. Ele apresentava imagens de balés, ícones pré-rafaelitas e dramas da BBC, junto com um retrato de Julia Margaret Cameron, a célebre fotógrafa vitoriana. Suas imagens alegóricas de foco suave, tiradas com longa exposição, evocavam os dois protagonistas do romance: Heathcliff e Catherine Earnshaw.

Max Mara – Outono-Inverno 2025/26 – Womenswear – Milão – ©Launchmetrics/spotlight

Determinado a não criar figurinos para um drama de época, Griffiths adotou uma abordagem resolutamente moderna. Ele desenvolveu redingotes de novo formato, altamente desconstruídos ou transformados em um gilet, e enviou vários casacos de cashmere com mangas de quimono para a passarela.

Ele cortou saias altas de catedral com pregas suaves, apertadas na cintura com cintos duplos resistentes, e as combinou com cardigans de mohair e cashmere que se estendiam abaixo do joelho. Griffiths também reinventou o xale vitoriano, transformando-o em golas de xale de lã canelada grandes ou adicionando capuzes a sobretudos.

Ele também introduziu tecidos inesperados, como pele de carneiro invertida com um forro acolchoado — visto em um casaco de destaque com mangas de pele de cordeiro.

Sua paleta de cores era monocromática e precisa — cappuccino, bege, bordô ou cimento. O elenco exalava confiança, fortalecido pela sofisticação refinada da coleção, caminhando ao som de uma trilha sonora que misturava elementos de um concerto para violino de Mendelssohn.

Max Mara – Outono-Inverno 2025/26 – Womenswear – Milão – ©Launchmetrics/spotlight

“É tudo sobre uma mulher que se dedicou com lógica fria para subir na carreira, negando a si mesma sua paixão interior. No mundo de hoje, é como se ela precisasse encontrar sua própria expressão. E por isso, as Brontës”, explicou Griffiths, vestido com seu mais novo terno feito à mão com riscas de giz.

Próxima parada — não os pântanos de Yorkshire, mas a resposta italiana a Versalhes, o Palácio Real de Caserta, onde será realizado o próximo desfile Cruise da Max Mara.
 

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Fonte: Fashion Network

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