o que significa vender a grife ou levá-la à Bolsa? » STEAL THE LOOK

O testamento de Giorgio Armani, que nos deixou 4 de setembro de 2025 aos 91 anos, traz uma instrução inesperada: os herdeiros devem vender parte da grife ou, se não houver comprador “do mesmo porte”, abrir capital. A ordem detalha prazos e percentuais — um movimento que pode redesenhar o futuro da maison. De acordo com informações fornecidas pela Reuters, os herdeiros devem vender uma participação inicial de 15% na casa de moda italiana dentro de 18 meses e depois transferir uma participação adicional de 30% a 54,9% para o mesmo comprador entre três e cinco anos após a morte de Armani. 

Caso não haja compradores em potencial que sejam de grande porte — por exemplo, LVMH, L’Oréal e EssilorLuxottica — como alternativa à venda da segunda parcela de ações, uma oferta pública inicial deve ser realizada na Itália ou em um mercado de igual posição. Mas o que isso significa? 

o que significa levar a grife à bolsa em capital aberto?

Capital aberto” é quando uma empresa passa a ter ações negociadas em uma bolsa. Na prática, a companhia vende ‘pedacinhos’ (ações) para investidores — institucionais e pessoas físicas — em um IPO (initial public offering, ou, em tradução livre oferta pública inicial). Isso permite levantar dinheiro grande para investir, pagar dívidas ou “monetizar” patrimônios, mas também exige mais transparência (relatórios regulares), regulações e expõe a empresa à pressão dos mercados. 

Abrir capital é como transformar sua casa em apartamentos: você mantém o prédio, mas passa a ter vários co-proprietários que podem pedir consertos, cobrar contas e querer resultados.

Parece ser um desfile de moda com uma pessoa acenando. Armani poderia ser relevante ao contexto.

Foto: Giorgio Armani (Reprodução/Internet)

E por que um estilista que sempre quis independência faria isso?

Essa é uma pergunta válida. Essa decisão corporativa tem, provavelmente, como maior finalidade proteger a grife. Armani não deixou filhos e nem ninguém em específico com o mesmo papel na empresa; o testamento busca evitar brigas familiares e oferecer um caminho organizado para continuidade. Além disso, existe a necessidade de investimento financeiro, alguém grande por trás, daí os grandes conglomerados que estão na lista de prioridades do designer. Vender parte ou abrir capital dá caixa para investimentos, expansão e adaptação.

Além disso, essa pode ser uma tentativa de que a marca permaneça em “mãos certas”, ao sugerir compradores como LVMH, L’Oréal e EssilorLuxottica, Armani limita a quem pode controlar a grife — ou seja, quer que a maison fique em mãos com know-how e respeito ao mundo do luxo.

venda para um grande grupo vs. IPO: diferenças práticas e o que muda

Se a venda da Armani for feita para um grande grupo, como a LVMH, o processo tende a ser mais rápido do que uma abertura de capital, já que a negociação é direta. Nesse cenário, o comprador passa a ter influência sobre a maison, mesmo que contratos iniciais limitem mudanças bruscas, e ainda pode promover reestruturações estratégicas, como integrar a marca ao portfólio do conglomerado, alterar a gestão ou ampliar canais de distribuição.

Já a opção pelo IPO — a abertura de capital — funciona de forma diferente: a grife levanta recursos ao vender ações no mercado, mantendo parte do controle nas mãos da fundação ou de acionistas familiares. Em contrapartida, precisa adotar maior transparência, cumprir regras de governança corporativa e prestar contas públicas regulares. O lado menos romântico é que essa dinâmica coloca a empresa sob pressão de investidores e analistas, que passam a cobrar crescimento e resultados de curto e médio prazo, o que pode impactar as escolhas criativas da marca.

Exemplos reais 

O mercado de luxo já oferece alguns exemplos que ajudam a entender os caminhos possíveis para a Armani. Em 2021, a Tiffany & Co. foi adquirida pela LVMH em um dos maiores negócios do setor, mostrando como um grupo global pode reposicionar uma marca tradicional com novos recursos e uma gestão integrada. Já a Chanel seguiu em outra direção: preferiu permanecer privada ou com forte controle familiar, o que lhes garante autonomia criativa, mas também a expõe aos riscos e limitações de não contar com o capital externo. Na Itália, por sua vez, algumas maisons escolheram o caminho da bolsa, como a Salvatore Ferragamo, provando que abrir capital também é uma alternativa viável para grifes que buscam financiamento público sem necessariamente vender o controle total.

Pessoa idosa elegante, vestindo terno escuro com gravata, sorrindo diante de fundo escuro.

Foto: Giorgio Armani (Reprodução/Internet)

Nas próximas semanas, o mercado deve acompanhar de perto os bastidores dessas negociações até os primeiros sinais de qual comprador pode despontar ou, alternativamente, se a marca de fato caminhará para um IPO. Também entram no radar as reações do setor de luxo, como possíveis movimentações nas ações da LVMH ou de casas concorrentes, além das análises de consultorias especializadas. Por fim, mudanças na própria governança da Armani, incluindo o papel da fundação e a nova composição do conselho, serão decisivas para entender qual será o rumo definitivo da maison após o legado deixado por Giorgio Armani.

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Fonte: Steal the Look

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