Na contramão da era effortless, do quiet luxury e da estética despretensiosa, uma tendência altamente polêmica volta a ganhar espaço: o bandage. O vestido colado, que molda o corpo como uma segunda pele, reaparece em 2025 — mas com uma proposta diferente do que vimos nos anos 90 e 2010.
Segundo o stylist Mark, “o bandage retorna com menos ostentação e mais autoafirmação”. Para ele, o contexto mudou. “Se em 2010 o bandage flertava com a submissão ao olhar alheio, hoje ele é um gesto de poder. Não se veste para agradar, e sim para afirmar: quem domina a narrativa do corpo é quem o habita”, analisa.
Ainda assim, é impossível ignorar que o retorno da bandage não surge de forma isolada. Ele acontece em um contexto social onde o corpo volta a ocupar o centro das discussões — seja na moda, na cultura ou nas redes sociais. Como observa Mark, “há uma relação direta com essa nova estética do corpo, que se tornou pauta central nos últimos anos, especialmente no que muitos já chamam de era pós-Ozempic”.
Quando a sociedade intensifica práticas e discursos sobre controle e transformação do corpo — seja por meio de procedimentos estéticos, remédios, dietas ou performances —, a moda reflete, responde e, muitas vezes, amplifica esses comportamentos.

Foto: Reprodução (Erin Heatherton, Karlie Kloss, and Behati Prinsloo)
de onde veio o bandage?
A história do bandage começou nos anos 1980, com o estilista Azzedine Alaïa, conhecido por criar roupas que funcionavam como uma segunda pele. Ele desenvolveu peças que modelavam o corpo com tecidos estruturados e elásticos.
Na década de 1990, o designer francês Hervé Léger transformou essa ideia em desejo mundial. Foi ele quem criou o vestido feito com tiras elásticas que abraçam o corpo de forma ajustada — por isso o nome bandage, que significa atadura em inglês. Supermodelos como Cindy Crawford, Naomi Campbell e Claudia Schiffer usaram. Na TV, Fran Fine, de The Nanny, virou referência com seus vestidos colados. Até a Princesa Diana teve seus momentos com a estética bandage.
Nos anos 2010, o vestido ganhou força de novo, impulsionado por celebridades como Kim Kardashian, Paris Hilton e Britney Spears, sempre com foco na sensualidade e no corpo curvilíneo.

Crédito: Reprodução

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tá, mas por que o bandage voltou agora?
A volta do bandage reflete o que estamos vivendo hoje: uma fase em que o corpo voltou a ser protagonista nas discussões sobre estética.
Procedimentos estéticos, dietas, treinos intensos e até o uso de medicamentos para emagrecimento se tornaram temas comuns nas redes sociais e nas conversas do dia a dia. Como analisa Mark: “O corpo volta a ser vitrine, e o bandage é, literalmente, essa moldura.”
Mas é importante lembrar: essa análise não é uma celebração de padrões de beleza ou de pressões estéticas. É apenas a constatação de como a moda acompanha os movimentos da sociedade.
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Crédito: Hailey Bieber

Crédito: Hailey Bieber
o novo bandage: o que mudou
Modelagem: continua justa, mas agora com recortes mais modernos e minimalistas
Tecidos: mais tecnológicos e confortáveis
Discurso: menos sobre sedução, mais sobre escolha e expressão pessoal
Styling: menos salto alto e mais combinações com botas, tênis e beleza natural
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Crédito: Herve Leger Resort 2026

Crédito: Tory Burch Resort 2026

Crédito: Resort 2026 da Courreges

Crédito: Kylie de Schiaparelli
bandage além do vestido
Agora, a estética bandage não se resume mais ao vestido. Ela voltou atualizada e aparece em várias peças do guarda-roupa. Marcas como Courrèges e Alexander Wang apostaram em calças extremamente justas, seguindo essa mesma ideia de roupa que molda o corpo como uma segunda pele. A estética também se espalhou por tops ajustados, bodys, corsets estruturados, saias lápis e peças de tricô que acompanham cada linha da silhueta. O conceito vai além da sensualidade óbvia e se mistura com um styling mais urbano e contemporâneo.

Crédito: Cindy Crawford

Crédito: Kaia Gerber
dados que mostram o retorno da tendência
O retorno do bandage não é só percepção, os dados confirmam o crescimento dessa estética. As buscas por “bandage” e “vestido bandage” cresceram mais de 80% no Google Trends Brasil nos últimos meses. No TikTok, a hashtag #bandagedress já ultrapassa 120 milhões de visualizações, muitas delas acompanhadas de vídeos sobre tendências de moda, resgate dos anos 90 e transformação da estética do corpo.
No Pinterest, o termo “second skin fashion” aparece nas previsões de tendência para 2025, mostrando que a estética da roupa colada e da silhueta marcada está novamente em alta, não só nas passarelas, mas também no comportamento e no desejo coletivo.
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Crédito: Reprodução @thatillusivelife

Crédito: Reprodução @thatillusivelife

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curiosidades sobre o bandage
- O nome “bandage” vem da inspiração nas faixas de compressão e ataduras, já que a modelagem é feita para envolver e moldar o corpo, como se fosse uma segunda pele.
- O designer Hervé Léger, que popularizou o vestido, perdeu os direitos sobre sua própria marca em 1999, após uma venda da empresa. Só em 2023 ele recuperou os direitos do nome e voltou a se conectar oficialmente com sua criação.
- A personagem Fran Fine, da série The Nanny, foi uma das maiores referências da estética bandage nos anos 90, aparecendo frequentemente com vestidos justos, coloridos e super marcados.
- A Princesa Diana, além do famoso revenge dress, também escolheu vestidos ajustados em vários momentos da sua vida como uma forma de expressar liberdade, autonomia e uma nova fase pessoal, especialmente após o divórcio.
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Fonte: Steal the Look