Palomma Duarte fala sobre sua personagem transgressora e reflete a respeito de liberdade e etarismo

Mãe de Maria Luiza Lui, de 30 anos, do relacionamento com Renato Lui, Ana Clara Winter, de 25, com Marcos Winter, e Antônio, de 8, do casamento com Bruno Ferrari, Palomma defende com paixão a sua personagem. “Ela foi mãe muito jovem, numa época em que para as mulheres era quase definitivo. Aí juntam tantos aspectos, o machismo visceral da época, a pouca educação sexual, poucas opções de prevenção, a falta de autonomia da mulher… A narrativa de Lígia é a conquista de seu próprio espaço. Ela foi mais corajosa do que eu seria”, afirma.

Assim como Lígia, Palomma também vivenciou a maternidade na juventude. Em 1993, aos 17 anos, deu à luz Maria Luiza. Ela admite que, na época, sentiu de perto o peso do julgamento social. “Eu ouvi coisas tão desnecessárias, que ‘estava acabando com minha carreira’ , que ‘nunca mais me recuperaria’, essas bobagens. Mas sempre tive uma mente muito certa de meus objetivos, muito tranquila da estrada que estava escolhendo, então não me abalou. Mas se poderia? Poderia.”

Com uma carreira sólida construída ao longo de quase 40 anos, agora Palomma se vê diante de uma nova questão: etarismo. “O mercado é muito cruel com a mulher, acima dos 40 então… Se você tem curvas, se você é magra, se é desejável… Estamos em processo de conquista, aos poucos, abrindo espaço na mata! Muito longe do ideal, mas já com alguns profissionais prestando atenção sobre isso. A mulher de 40+ hoje é tão jovem e tão diferente da mulher que ainda mora no inconsciente dessa sociedade, não é?”, pondera.

Ela saiu de casa, foi em busca não só da carreira, mas também de si mesma. Precisava se saber primeiro, para depois virar qualquer outra forma de ser. Ela foi mãe muito jovem, numa época em que para as mulheres era quase definitivo. Virar mãe antes de virar uma mulher independente…. Aí juntam tantos aspectos, o machismo viceral da época, a pouca educação sexual, poucas opções de prevenção, a falta de autonomia da mulher… Ela permaneceu no mesmo bairro que os filhos, sofreu muita alienação parental por parte do ex-marido. Acho que a narrativa de Lígia é a conquista de seu próprio espaço. Ela foi mais corajosa do que eu seria, acho. E pagou um preço enorme por isso. Hoje a mulher ainda é muito julgada por trabalhar e ser mãe. Mas é a realidade da maioria dos lares brasileiros.

Era sim, porque não gosto da minha voz falada. Imagina cantada?! Sou filha de cantor e sou exigente, não tenho esse talento, entende? Desenvolvi uma certa habilidade com as aulas, hoje afino, não passo vergonha, mas longe de ser um talento. Minha professora, a Dani Lima, foi fundamental nesse processo. Habilidades podem ser desenvolvidas e isso é lindo, hoje tenho mais respeito por mim, pelo meu compromisso, pelo meu corpo, meu instrumento.

Claro que é! O mercado é muito cruel com a mulher, acima dos 40 então… Se você tem curvas, se você é magra, se é desejável… Mas novamente, estamos em processo de conquista, aos poucos, abrindo espaço na mata! Muito longe do ideal, mas já com alguns profissionais prestando atenção sobre isso. E é fundamental, até porque a mulher de 40+ hoje , ainda é tão jovem e tão diferente da mulher que ainda mora no inconsciente dessa sociedade, não é?

Às vezes com muita preguiça, confesso. Outras com certa surpresa. Já aconteceu de eu postar foto sem filtro nenhum depois de uma cirurgia de saúde, por exemplo, e receber comentários pesadíssimos. Eu toda inchada, reajo muito mal a corticoide, mas postei porque estava afim, e pronto. O mais desestimulante é que os comentários sexistas, etaristas, foram escritos por mulheres…Aí você vê os nossos passos de formiga e o quanto temos que desconstruir toda uma cultura, ainda…

Na novela, Lígia tem diálogos abertos com a filha sobre virgindade, gravidez e preservativos, temas que, na época, eram cercados de tabus — perder a virgindade ou engravidar antes do casamento seria um escândalo. Em 1993, você teve sua primeira filha aos 17 anos. Embora já houvesse avanços em relação a 1958, você sentiu algum tipo de julgamento da sociedade ou até mesmo de pessoas próximas?

Fonte: Glamour

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