O volume de doações no Brasil cresceu em 2024 e o Paraná teve uma relevante participação neste cenário. É o que revelam dados do Monitor de Doações, uma iniciativa da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), com o apoio do Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE), que contabiliza doações anunciadas publicamente com valor igual e/ou superior a R$ 3 mil.
Em todo o país, conforme levantamento divulgado nesta terça-feira (1), foram doados R$ 796.277.454 ao longo do ano passado, um aumento de R$ 317.107.992 em relação ao ano anterior. E o Paraná foi responsável por R$ 19.4149.500 desse montante, com doações que variaram de R$ 6 mil a R$ 15 milhões. A maior parte das doações, no entanto, foram emergenciais, com o intuito de auxiliar na crise climática que afetou o Rio Grande do Sul, no mês de maio de 2024. O estado foi também o que recebeu mais doações, sendo 361, que representam mais da metade do total realizado e somam R$ 420.291.872,00.
“O Monitor trouxe esse ano um retrato claro da solidariedade brasileira. É comum nos mobilizarmos em momentos de grandes emergências, como nas enchentes do Sul ou como na pandemia, uns anos atrás. O grande desafio é conseguir tornar essa prática regular, fazendo com que as doações estejam cada vez mais no dia a dia das pessoas”, afirma Fernando Nogueira, diretor-executivo da ABCR.
No caso paranaense, os responsáveis pelos maiores aportes foram órgãos públicos ou empresas de economia mista, como Itaipu (que doou R$ 15 milhões para a construção do Hospital Pequeno Príncipe Norte), o Tribunal de Contas do Paraná (que enviou 10 mil cestas básicas para famílias gaúchas impactadas pelas enchentes, numa doação de R$ 3 milhões) e a Sanepar (que doou R$ 1,2 milhão ao Hospital da União Oeste Paranaense de Estudos e Combate ao Câncer, de Cascavel).
Em 2025, no entanto, o cenário já é bastante diferente. Até aqui, pessoas físicas e jurídicas do Paraná anunciaram doações que somam o montante de R$ 13,5 milhões. Os maiores aporte são da A. Yoshii Engenharia (empresa de construção civil) e de Atsushi e Kimiko Yoshii (pessoas físicas), que doaram, respectivamente, R$ 12 milhões e R$ 1 milhão para a implantação do Parque Tecnológico da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Além disso, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Igreja Mórmon) também doou R$ 500 mil em equipamentos e materiais oftalmológicos para o Hospital Universitário (HU) da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Volume de doações no país ainda está longe do ideal
Embora o volume de doações tenha crescido expressivamente em 2024, o montante ainda está longe de ser o ideal, alertam os responsável pelo Monitor de Doações. O país conta com mais de 890 mil organizações sem fins lucrativos, de acordo com o Mapa das OSC, grande parte delas dependente de doações para manter suas atividades.
Dentre as mais de 800 mil OSCs existentes no Brasil, uma boa parte delas (31%) vive com menos de 5 mil reais por ano, segundo uma pesquisa realizada pela Iniciativa PIPA. O estudo ainda revelou que os recursos são centralizados no eixo Rio-São Paulo, e que quando atingem as outras regiões, ficam nas capitais e não chegam às periferias ou em áreas de vulnerabilidade socioeconômica. Quando uma organização pequena deixa de receber doações, tanto de pessoas físicas quanto de jurídicas, as contas passam a trabalhar sempre no limite, trazendo prejuízos a longo prazo.
O baixo número de doações impacta automaticamente na quantidade de pessoas atendidas e beneficiadas, animais não acolhidos e até alimentos ou itens de higiene não repassados. A falta de investimento também acaba atrapalhando o trabalho que já é feito, pois desta forma, os gestores e líderes não conseguem se capacitar para que o trabalho siga sendo feito de forma profissional e contínuo, além da diminuição de contratos fixos de trabalho e a atuação apenas voluntária.
“As doações de pessoas e empresas são fundamentais para manter as organizações, suas equipes e projetos. São elas que tornam as OSCs capazes de provocar impacto e combater desigualdades. Os problemas sociais no Brasil são muitos, e por isso é fundamental incentivar o crescimento da generosidade na população”, aponta o diretor-executivo da ABCR.
Como aumentar a cultura de doação no Brasil?
Para que as organizações não tenham que diminuir seu impacto ou até mesmo atuar com as contas no vermelho, o fortalecimento da cultura de doação no país é uma grande aliada. Existem diversas formas de fazer isso, mas principalmente, incentivando colegas, amigos e familiares. As doações precisam acontecer consecutivamente, pois todos os dias, pessoas, animais e famílias diferentes necessitam de apoio, sendo assim, uma atitude que precisa ser recorrente.
Algumas formas de fazer isso incluem usar as redes sociais para compartilhar informações sobre as doações, como postar fotos ou atualizações das organizações. Escrever postagens que contam histórias de doação e mostram como a solidariedade impacta vidas também é importante. Além disso, estar preparado para responder perguntas e questionamentos é uma ferramenta poderosa, pois a transparência e a informação aumentam a confiança de um possível doador.
Informe sua doação
Além de acompanhar as notícias públicas sobre doações em jornais, revistas, entre outros meios, o Monitor das Doações também oferece a possibilidade de os doadores informarem diretamente as contribuições filantrópicas para que elas sejam inseridas. Para tornar pública a doação e o nome de quem doa é necessário enviar um e-mail para [email protected] com informações sobre a doação (ou doações) e o valor.
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Fonte:Bem Paraná