Paul Marciano (Guess): “Na moda, cada dia é um desafio”

Na cerimônia de abertura, na terça-feira, 17 de junho, a feira de moda masculina de Florença entregou o prêmio Pitti Immagine Uomo 2025 à Guess, na presença de Paul Marciano – que co-fundou a marca americana de jeans com os seus irmãos em 1981 –  e do seu filho Nicolai, que representa a nova geração da empresa. Paul Marciano explicou como a marca conseguiu arrancar graças à abertura de uma boutique em Florença. Esta foi a primeira aventura da marca na Europa, que lhe permitiu inspirar-se no estilo italiano e, sobretudo, acelerar a sua expansão ao ponto de registar atualmente um volume de negócios de 3 bilhões de dólares. À margem da coletiva de imprensa, o empresário falou com o FashionNetwork.com sobre as chaves do seu sucesso e a sua visão do mercado da moda atual.

FashionNetwork.com: Como é gerenciar uma empresa de moda?

Paul Marciano: Todos os dias são um desafio, mas todos os dias são emocionantes, no sentido em que se encontra sempre uma solução. De fato, há desafios em tudo, com direitos aduaneiros, com conflitos internacionais, etc. O que é que há de novo hoje? Nada! Sempre foi assim, desde que a empresa existe. Num dia há uma crise com os bancos, noutro com o mercado, noutro ainda com uma guerra. Nós adaptamo-nos. Dizemos sempre: “we adapt and we manage“. É disso que se trata o negócio da moda. Mas, não é fácil todos os dias. É preciso ter cuidado e estar bem ciente de todos os desafios diários.

FNW: O que é mais importante para sobreviver?

PM: Para mim, o mais importante é sempre manter e proteger as pessoas que trabalham à nossa volta. O capital humano é o verdadeiro valor de uma empresa. O produto é importante, mas para mim as pessoas que dirigem a empresa são o elemento mais importante porque são a alma, o coração do negócio. Sem essa alma, não se chega a lugar algum.

FNW: Como o senhor enxerga o mercado da moda neste momento?

PM: O contexto ainda é complicado. Há uma nova guerra que eclodiu há três dias. Mas, no fundo, é assim todos os dias. Quando acaba uma crise, começa outra. Penso que, apesar de tudo, a moda continuará a ser relevante. As pessoas continuarão a interessar-se pela moda se nos mantivermos leais e fieis à nossa marca. Não devemos pensar que conseguimos fazer tudo para todos. Não é possível. Isso não existe. Temos de nos manter próximos dos nossos consumidores, nos perguntar por que é que compram a nossa marca, nos manter fiéis aos nossos princípios e manter a dinâmica.