Perfumes de primavera: notas frescas e matchá são as grandes apostas para 2026

Com a chegada da primavera, o aumento das temperaturas transforma também a relação das pessoas com os perfumes. Se no outono e no inverno fragrâncias intensas e adocicadas são bem-aceitas, nas estações mais quentes elas tendem a se tornar sufocantes. Segundo Poliana Palhano, especialista em perfumaria e gerente da Fragrance de L’Opéra, essa é a principal razão pela qual as casas de fragrâncias já reposicionam suas criações para a temporada de 2026. “Perfume bom na primavera é aquele que não sufoca você nem quem está ao seu lado. Notas cítricas, florais e aquáticas são as mais recomendadas, porque trazem frescor e harmonizam melhor com o clima”, explica.

Apesar dessa lógica, muitos brasileiros ainda preferem perfumes doces, orientais ou amadeirados, mesmo durante a primavera e o verão. Para a especialista, esse comportamento tem origem cultural: “O brasileiro associa perfume bom à fixação, por isso tende a escolher versões mais intensas, como os parfums. Contudo, em dias quentes, o ideal é optar por concentrações mais leves, como o eau de toilette, que mantém a sofisticação sem pesar”, observa Poliana.

No cenário internacional, o frescor surge como a principal tendência olfativa. Entre os clássicos da estação, se destacam a linha Marc Jacobs Daisy, as fragrâncias florais Chloé Eau de Parfum e a coleção Le Jardin, da Hermès. Para 2026, porém, ingredientes ligados à cultura oriental, como o chá verde e o matchá, devem ganhar protagonismo nos laboratórios e salões de perfumaria. “O matchá traduz frescor, mas também carrega uma sofisticação discreta, conectada à tendência de buscar equilíbrio no cotidiano”, comenta a especialista.

Outra aposta que começa a despontar é o arroz, ingrediente explorado por marcas de nicho que unem delicadeza, suavidade e inovação. Entre as criações que se destacam estão o White Rice (d’Annam), que homenageia o arroz jasmim cozido, e o Dirty Rice (Borntostandout), que combina bergamota, amêndoa, arroz basmati, peônia, leite, sândalo, vetiver, cedro e musk, resultando em uma fragrância que mescla frescor, cremosidade e personalidade. Esses lançamentos revelam a influência crescente da perfumaria asiática sobre o mercado ocidental, impulsionando a busca por originalidade e novas matérias-primas.

Para Poliana Palhano, o movimento indica uma transformação no conceito de luxo: “O novo luxo da perfumaria é o perfume que acompanha o clima e respeita o bem-estar. Na primavera de 2026, veremos cada vez mais fragrâncias que unem leveza e identidade — sem sufocar, mas deixando uma marca elegante por onde passam.”