A Polícia Nacional das Filipinas prendeu, nesta terça-feira, o ex-presidente filipino Rodrigo Duterte em conexão com uma investigação do Tribunal Penal Internacional (TPI) sobre a campanha contra as drogas ilegais, que resultou na morte de milhares de filipinos durante seu mandato.
O ex-líder foi detido no Aeroporto Internacional Ninoy Aquino, em Manila, após retornar de Hong Kong, um centro de trabalhadores filipinos no exterior, onde passou o fim de semana fazendo campanha para sua chapa ao Senado nas próximas eleições legislativas.
“Após sua chegada, o procurador-geral entregou a notificação do TPI sobre um mandado de prisão ao ex-presidente por crimes contra a humanidade”, disse um comunicado do gabinete presidencial. “O ex-presidente e seu grupo estão em boas condições de saúde e foram avaliados por médicos do governo.”
Duterte iniciou sua guerra contra as drogas ilegais ao assumir a presidência em 2016, considerando-as o maior problema do país. Ele é acusado de empregar assassinos de aluguel e policiais para executar suspeitos de tráfico de drogas, utilizando “listas de narcotraficantes” para divulgar os alvos.
A campanha antidrogas teve como alvo, principalmente, filipinos pobres, alguns dos quais eram supostos usuários ou intermediários no comércio ilegal de entorpecentes.
A guerra contra as drogas foi polarizadora, afastando as Filipinas da comunidade internacional durante o governo Duterte. Nos dois primeiros anos da campanha, as manchetes dos jornais foram tomadas por imagens de assassinatos ao estilo de grupos de extermínio, com vítimas acompanhadas de placas confessando o uso de drogas.
A Anistia Internacional descreveu Duterte como um “pesadelo para os direitos humanos” em 2017, enquanto o próprio Duterte elogiava os policiais pela campanha, prometendo protegê-los de ações legais por eventuais excessos.
O TPI tem investigado a condução da campanha antidrogas. Meses atrás, o governo do sucessor de Duterte, o presidente Ferdinand Marcos Jr., garantiu à população que cooperaria com as autoridades internacionais na prisão de Duterte, apesar de as Filipinas terem se retirado do TPI em 2019.
Em uma rara aparição diante de senadores filipinos em outubro passado, Duterte afirmou que assumia “total responsabilidade legal” pela guerra às drogas, admitindo que manteve um “esquadrão da morte” e incentivou policiais a “reagir” contra criminosos suspeitos para justificar os assassinatos.
Em Hong Kong, durante um comício, ele declarou que aceitaria um mandado de prisão, caso fosse expedido. “Se esse for realmente o meu destino, tudo bem. Eu aceitarei. Não podemos fazer nada se eu for preso ou encarcerado”, disse Duterte no domingo. “Mas, enquanto isso, vocês podem contribuir, nem que seja com 5 dólares, para que, quando eu sair da prisão, possam construir um monumento para mim.”
Fonte: Valor