Prada: elegancia sibilina entre zinias

Finalmente, a garota Miu Miu encontrou seu par ideal: sua prima mais velha, Prada, que agora também usa shorts curtos e chemises, exibindo pele e uma atitude ousada em um desfile animado em Milão.

O novo desfile Prada teve um clima otimista, ao contrário da indústria italiana de moda masculina, que permanece em um estado sombrio.

Os designers da Prada, Miuccia Prada e Raf Simons, trouxeram muitas ideias para esta coleção primavera/verão apresentada em um domingo ensolarado em Milão. Em particular, a combinação de calças de moletom com blazers de lã de corte fino. É uma combinação que muitas vezes pode parecer desleixada, mas suas calças e jaquetas listradas deram ao visual muita energia.

A atmosfera era despreocupada, até romântica, ajudada pelo design mais recente do enorme espaço de desfiles da Prada. Um amplo salão pontilhado de tapetes pretos e brancos recortados em formas de flores: papoulas, zinias e azaleias. Camisas largas com o mesmo motivo — embora em cores vibrantes — aumentaram a sensação de um verão nada convencional.

Abrindo o desfile, homens em shorts de náilon para dentro da calça ou apenas com camisas de algodão combinadas com jaquetas de couro, sem nenhuma calça à vista. Enquanto isso, camisas militares ou suéteres verdes de tricô da OTAN — ambos com cortes que lembravam vestidos — eram acompanhados por uma nova série de mochilas, nenhuma delas no preto característico da marca.

Mas os melhores looks  foram as jaquetas de couro “One Eyed Jacks”, estilo mexicano, com costuras rústicas, usadas com calças de moletom listradas amarelas. Milhares de rapazes antenados vão querer essas jaquetas.

Metade do elenco desfilou com chapéus cloche de vime, muitas vezes usados ​​com óculos de armação branca. Uma atitude excêntrica, dada a trilha sonora — uma série de faixas das lendas do The KLF, variando de “stadium house” a sons que soavam como cantos de baleia.

Era a roupa ideal para o novo homem da Prada, cada vez mais um astro do K-pop ou membro de uma boy band tailandesa, a julgar pela primeira fila.

Sem dúvida, um espetáculo memorável, embora com uma visão um tanto arcana. Uma visão sustentada pelas notas sibilinas do espetáculo de Miuccia e Raf, positivamente espartanas e lapidares.

“Uma mudança de atitude: desmantelando significado e desmantelando poder. Direto. Composições elementares sem limites. Fluxo livre. Os elementos, terra, ar, sol, natureza. Significado. Harmonias inconformistas, novos movimentos. Impulso. Lago dos amantes, o fim do pico, o último mergulho. Lugares imaginários”, disseram. Correto.