Prada: o acordo de 1,5 bilhão de dólares com a Versace que transformaria a moda

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Adnkronos

Traduzido por

Helena OSORIO

Publicado em



25 de março de 2025

A conclusão do acordo entre a Prada e a Capri Holdings para a aquisição da Versace pelo grupo milanês poderá ser questão de semanas. Segundo rumores divulgados nos últimos dias pelo jornal italiano Il Sole 24Ore, haveria uma data, 10 de abril, como o fim das negociações que colocam a Prada na pole position para colocar as mãos na marca da Medusa, em um negócio de cerca de 1,5 bilhão de euros. Um valor que pode atingir os 2 bilhões se o acordo for estendido à marca de calçado de luxo Jimmy Choo. O objetivo da operação é relançar a marca fundada por Gianni Versace e vendida em 2018 pelo fundo de private equity Blackstone e pela família Versace à Capri Holdings, por cerca de 1,85 bilhão de euros.

Versace – Outono-Inverno 2025/2026 – Womenswear – Milão – ©Launchmetrics/spotlight

Se por um lado o grupo Prada, ao diversificar, reforçaria a sua oferta, por outro, seria formado um hub de luxo italiano capaz de competir a nível internacional, especialmente contra o duopólio francês formado pelos gigantes LVMH e Kering. O portfólio da marca milanesa cotada em Hong Kong, e com uma capitalização de mercado atual de 140,15 bilhões de coroas dinamarquesas (cerca de 16,7 bilhões de euros) inclui hoje as seis marcas Prada, Miu Miu, Church’s, Car Shoe, Marchesi 1824 e Luna Rossa e com a chegada da Versace (e possivelmente com a Jimmy Choo) fortaleceria um grupo italiano que hoje parece mais forte do que nunca e que encerrou 2024 com receitas líquidas de 5,4 bilhões de euros, +17% face a 2023, muito acima da média do mercado.

Em particular, a marca Prada registrou um aumento nas vendas de varejo de 4% e a Miu Miu de 93%. Números significativos, especialmente se considerarmos as áreas geográficas e a Ásia, onde os concorrentes têm enfrentado dificuldades, enquanto o grupo milanês reportou um crescimento de dois dígitos nas vendas líquidas de varejo no Japão +45,8%, Médio Oriente +26,0%, Europa +17,5% e Ásia-Pacífico +13,1%. A marca Medusa, porém, entre outubro e dezembro de 2024 registrou uma queda nas vendas de 15%, para 193 milhões de dólares, e um prejuízo operacional de 21 milhões. Fato que faz os analistas torcerem o nariz em relação à operação ‘Pradace’, como alguns a renomearam, ou seja, o casamento entre a Prada e a Versace. A Equita reitera que “a Prada teria os recursos para apoiar o relançamento da Versace, mas que seria um processo potencialmente longo e difícil”. Os analistas não veriam a notícia “com favor”, mas “ao mesmo tempo, com base nas hipóteses de avaliação circuladas até agora, assumimos um impacto negativo limitado (-LSD) em termos de criação de valor”.

O certo é que a partir de 1 de abril, a Versace deixará de estar no comando das rédeas criativas da maison e Donatella dará lugar a Dario Vitale, antigo diretor de design e imagem da Miu Miu. Uma nomeação que há dias alimenta rumores de que o grupo de Miuccia Prada e Patrizio Bertelli estaria perto de fechar o acordo com a Capri Holdings. Por sua vez, Donatella Versace não se despedirá completamente da maison que liderava desde 1997, ano da morte do seu irmão Gianni, mas será a principal embaixadora da marca e, como garante John D. Idol, presidente e CEO da Capri Holdings, “continuará a apoiar a marca e os seus valores”. 

O próprio Idol, na nota com que foram anunciadas as novas nomeações na Versace, garantiu que está em curso um “cuidadoso plano de sucessão” para a marca. A Capri Holdings tenta há algum tempo vender a Versace, e esse plano acelerou em outubro passado, quando um juiz norte-americano bloqueou o acordo de 8,5 bilhões de dólares para se fundir com a Tapestry, dona da Coach e da Kate Spade, entre outras marcas. Se a Prada conseguisse a marca Medusa, provocaria certamente uma mudança decisiva de ritmo na moda italiana, depois de décadas em que grandes grupos estrangeiros passaram a comprar grifes de luxo, incluindo Fendi, Gucci e Valentino.
 

Fonte: Fashion Network

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