A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, criticou a União Europeia (UE) por responder com tarifas retaliatórias às tarifas dos Estados Unidos e alertou que o “ciclo vicioso” de retaliação mútua corre o risco de alimentar a inflação no bloco.
“Não é sensato cair na tentação das represálias, que se tornam um círculo vicioso em que todos perdem”, disse em discurso no parlamento italiano na terça-feira. “Devemos continuar a trabalhar de forma concreta e pragmática para encontrar possíveis pontos de convergência e evitar uma guerra comercial que não beneficiaria nem os EUA nem a Europa.”
Meloni, que se reúne com outros líderes europeus em uma cúpula em Bruxelas nesta quinta-feira, pediu à Comissão Europeia que abra negociações urgentes com o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, para evitar as consequências prejudiciais de uma guerra comercial.
Durante seu discurso, ela também alertou que uma escalada na guerra comercial com os EUA reduziria o poder de compra dos europeus e forçaria o Banco Central Europeu a aumentar as taxas de juros.
“O resultado seria inflação e aperto monetário, o que frearia o crescimento econômico”, advertiu. “As energias da Itália devem ser gastas na busca de soluções de bom senso entre os EUA e a Europa.”
Os comentários da premiê ocorrem após a Comissão anunciar que imporá tarifas de até 50% sobre importações dos EUA, incluindo uísque, motocicletas e jeans a partir de 1º de abril, em retaliação à decisão de Washington de reintroduzir uma tarifa de 25% sobre importações de aço e alumínio.
Meloni também rejeitou os apelos da França e da Alemanha para que a Europa siga seu próprio caminho na defesa, insistindo que sem os EUA não há segurança viável para o continente, inclusive para a Ucrânia.
“É justo que a Europa se equipe para fazer a sua parte, mas é no mínimo ingênuo e, no máximo, insano pensar que hoje podemos fazer isso sozinhos, sem a Otan, fora do quadro euro-atlântico que garantiu nossa segurança por 75 anos”, disse ela.
A política de direita e a única líder europeia a comparecer à posse de Trump tem caminhado numa linha tênue entre manter boas relações com Washington e, ao mesmo tempo, apoiar a posição da UE de que a Rússia é a agressora na guerra contra a Ucrânia.
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Fonte: Valor