PT usa espaço na TV para defender Lula, criticar Bolsonaro e pregar fim da escala 6×1 | Política

O Partido dos Trabalhadores (PT) decidiu levar à sua propaganda partidária uma defesa do governo Luiz Inácio Lula da Silva e comparar a atual gestão com a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sob o lema de que “o Brasil sempre melhora com o PT”. Os comerciais em TV e rádio a que a sigla tem direito neste semestre são exibidos até sábado (3), conforme calendário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O tribunal distribui os espaços proporcionalmente aos partidos com representação na Câmara dos Deputados.

Além das inserções de alcance nacional, existem as veiculadas por Estados. No caso de São Paulo, o diretório do PT fez uma propaganda que lista iniciativas do governo Lula no território paulista e se encerra com a mensagem de que “tem que avançar mais, com o fim da escala 6×1”. A redução da jornada de trabalho é encampada por parlamentares e pela base social da sigla, mas não aparece entre as prioridades da pauta do governo no Congresso.

Uma das peças feitas para o público nacional é estrelada pelo presidente da legenda, Humberto Costa (PE). O senador provoca o governo Bolsonaro ao dizer na gravação que o PT encontrou “o nosso país devastado” e está “reconstruindo o Brasil no caminho da prosperidade”. Ele cita feitos como a queda no desemprego, a redução de impostos em alimentos da cesta básica e a criação do programa estudantil Pé de Meia. Costa destaca ainda medidas em andamento, como a isenção de Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil e o que chamou de “reforma da renda”, com a proposta de elevar a tributação sobre a alta renda, que enfrenta resistência no Congresso.

Outro anúncio traz um ator declarando que “o Brasil de hoje está bem diferente daquele Brasil de dois anos atrás” e exibe cenas associadas ao governo Bolsonaro, como mortes na pandemia de covid e pessoas em filas esperando comida. No discurso do PT, depois de um período que “não foi fácil”, a situação hoje é de avanço, com a retomada de programas como Minha Casa, Minha Vida e Farmácia Popular, além do que o partido chama de “crescimento econômico com justiça social”. Também está em exibição um filme do partido em prol de mais mulheres na política.

Segundo o secretário nacional de comunicação do PT, Jilmar Tatto (SP), a campanha ajuda a fortalecer o governo e a pavimentar o caminho para 2026, quando Lula deverá tentar a reeleição. “Nosso governo tem que fazer o melhor para o povo, e, quanto mais puder fazer, melhor. É isso que estamos mostrando. Além disso, é preciso promover um debate na sociedade e marcar posição contra o bolsonarismo. O governo precisa ter coesão e se posicionar politicamente. Acho que é isso o que está faltando”, diz ele, também deputado federal.

No caso da propaganda destinada a São Paulo, os principais pontos são a cifra de R$ 275 bilhões de investimentos no Estado, a obra do trem intercidades entre São Paulo e Campinas e a expansão do metrô na região metropolitana. O presidente estadual do PT, Kiko Celeguim, afirma que o objetivo é atingir a população beneficiada diretamente por “investimentos robustos e obras estruturantes”, além de divulgar iniciativas nacionais, como os programas Crédito do Trabalhador e Desenrola e a isenção para os mais pobres no IR.

“A comparação [com Bolsonaro] significa alertar as pessoas. Não é dizer que está tudo às mil maravilhas, mas que, sem dúvida, vamos chegar ao fim do mandato com o país melhor do que estava em 2022. O Brasil sempre melhora com o PT. Agora, é preciso apontar um caminho, dizer que a gente precisa de mais tempo para fazer ajustes e avançar ainda mais”, diz Celeguim, que também é deputado federal e tentará ser reeleito para a presidência do diretório, em julho.

O tema da escala 6×1 foi adicionado como forma de “mobilizar as pessoas e buscar caminhos”, segundo o dirigente estadual. “É uma luta histórica do PT e ganhou contornos mais fortes neste momento de alto índice de empregabilidade”, afirma ele, negando que o partido esteja em “disputa por protagonismo” sobre a pauta com o Psol. A bandeira da redução da jornada ganhou notoriedade ao ser encampada pela deputada federal Erika Hilton (Psol-SP). “É [uma proposta] mais difícil de avançar na Câmara do que a da isenção do IR, que está bem encaminhada”, reconhece Celeguim, para quem o primeiro tema precisa ainda de mais adesão popular e política.

Fonte: Valor

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