A alta de preço de alimentos pode estar por trás da queda do volume de serviços prestados às famílias em janeiro. O aumento da taxa de juros também pesa, mas com impacto mais difícil de ser avaliado. A análise foi feita por Rodrigo Lobo, gerente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) responsável pela Pesquisa Mensal de Serviços (PMS).
O volume de serviços prestados às famílias caiu 2,4% em janeiro, ante dezembro, e foi o segundo maior impacto negativo na queda do setor de serviços como um todo (-0,2%), atrás apenas de transportes (-1,8%).
Ao comentar o resultado, Lobo apontou que as atividades de restaurantes e buffets foram as que mais pressionaram o resultado, o que pode estar relacionado ao preço de alimentos.
Lobo também citou o custo da educação – fator reincidente no início do ano letivo, com reajustes de mensalidades escolares – e a expectativa com o rebatimento dos preços da energia elétrica no mês de fevereiro, após alívio na conta de luz em janeiro por causa da incorporação do chamado bônus de Itaipu.
“Esse menor ritmo [dos serviços prestados às famílias] ficou mais concentrado na parte de restaurantes e buffets e pode ter alguma relação com aumentos de preços. […] Os alimentos operam em nível mais elevado [de preço] do que o costume, altas desde o ano passado. […] Esse fator preço pode estar por trás do movimento de queda dos movimentos prestados às famílias”, afirmou o gerente da PMS.
Sua avaliação é que a inflação de alimentos eleva os gastos essenciais das famílias, o que pode reduzir a renda disponível para o consumo de outros serviços.
Ao lado do impacto dos alimentos, Lobo também vê a possibilidade de influência do aumento da taxa de juros no consumo de serviços pelas famílias, também seguindo a mesma lógica de reflexo de um orçamento mais apertado por causa da pressão inflacionária.
“É difícil de a gente perceber, de forma direta, seu impacto [do juro]. Pode dar uma puxada no freio do consumo de serviços. Pode colocar [os juros] na conta, mas sem precisão do real impacto disso”, disse.
A base de comparação elevada também pode ser outro fator que ajude a explicar a queda de 2,4% dos serviços prestados às famílias em janeiro. Lobo lembra que o recuo se dá após ganho acumulado de 7% entre maio e dezembro.
“A queda também vem logo depois de um longo período de crescimento. Há um ganho acumulado de 7%. A queda de 2,4% em janeiro traz devolução de parte disso, mas sem eliminar por completo esse ganho”, afirmou o gerente da PMS.
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Fonte: Valor