Eleito presidente da Câmara dos Deputados para o biênio 2025-2026, Hugo Motta (Republicanos-PB) é médico de formação, tem 35 anos e está em seu quarto mandato como deputado federal. Escolhido para ser o sucessor de Arthur Lira (PP-AL), ele é mais um quadro do famoso “Centrão” a chegar ao comando da Casa. Com isso, o bloco parlamentar se perpetua consecutivamente no controle da Câmara desde 2015.
Motta é conhecido, nos bastidores, pela sua capacidade de articulação. Foi essa habilidade que o levou à presidência da CPI da Petrobras em 2015, quando tinha só 25 anos. Este foi o primeiro cargo de maior projeção política do deputado, àquela altura já em seu segundo mandato na Câmara, então comandada por Eduardo Cunha.
A proximidade com Cunha é um dos poucos aspectos considerados negativos na biografia de Motta, de acordo com lideranças políticas da esquerda à direita. Durante a votação da cassação do deputado, em setembro de 2016, por exemplo, Motta ausentou-se do plenário junto com outros integrantes da “tropa de choque” de Cunha.
Apesar de pertencer a um importante clã político do interior da Paraíba, Motta tem a trajetória política toda construída em Brasília. Chegou à Câmara em 2011, aos 21 anos, e já está no quarto mandato, sempre com votações crescentes. Na última eleição, em 2022, foi o deputado mais votado de seu Estado, com pouco mais de 158 mil votos.
Originalmente ligada ao MDB, a família tem uma longa e influente trajetória política em Patos, município do sertão paraibano com pouco mais de 100 mil habitantes. Seu avô paterno, Nabor Wanderley, foi prefeito da cidade entre 1956 e 1959. O pai, Nabor Wanderley Filho, está no quarto mandato à frente da cidade, que também foi governada pela avó materna, Francisca Motta.
Antes de ganhar projeção com a CPI da Petrobras, Motta chegou a presidir a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, uma das mais importantes da Câmara. Em 2016, no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), votou a favor do afastamento da petista. Dois anos mais tarde, entretanto, saiu em defesa do mandato do ex-presidente Michel Temer, de quem era correligionário.
Integrante da base de apoio ao governo do emedebista, Motta apoiou medidas econômicas de grande impacto, como a lei do teto de gastos e a reforma trabalhista. Em 2018, por conta de questões internas da política paraibana, decidiu trocar o MDB pelo PRB, atual Republicanos. O deputado também ganhou projeção da legenda e hoje é presidente estadual e vice-presidente nacional.
No terceiro mandato, também integrou a base de apoio ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Apesar disso, recentemente, ele passou a integrar a base aliada do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e votou bastante com o Executivo nesse período. Um dos motivos é que o seu partido, o Republicanos, ocupa atualmente a cadeira do Ministério de Portos e Aeroportos.
Fonte: Valor