Recuperação da Nike ganha força, mas a China e as tarifas pesam nas previsões

Por

Reuters

Publicado em



1 de outubro de 2025

Na sequência dos resultados do primeiro trimestre, mais fortes do que o esperado, a liderança da Nike e analistas discutiram o caminho a seguir, num contexto de limpeza de inventário, desafios na China e um foco renovado no esporte.

A recuperação ganha força na Nike, embora persistam os desafios
A recuperação ganha força na Nike, embora persistam os desafios – Reuters

O CEO da Nike, Elliott Hill, prometeu, quando assumiu o comando no ano passado — numa mudança muito aguardada —, reconduzir a empresa às suas raízes esportivas, e os seus esforços dão frutos — mas uma recuperação lenta na China e a incerteza em torno das tarifas alfandegárias continuam a travar a empresa.

A empresa, que registrou um aumento surpreendente das suas receitas trimestrais, tem limpado agressivamente o inventário antigo, bem como algumas linhas lifestyle, para se concentrar em calçado esportivo mais inovador.

“A Nike está nas primeiras fases da sua reviravolta e o ímpeto aumenta, afirmou Randal Konik, analista da Jefferies, em comunicado.

A empresa afirmou na terça-feira que a sua carteira de encomendas para a primavera aumentou face ao ano anterior, impulsionada pela categoria de esporte, com lançamentos como os sapatos de corrida Vomero, Pegasus e P-6000 voltando a atrair clientes.

As categorias de corrida, treino e basquetebol registraram, cada uma, um crescimento de dois dígitos no trimestre na América do Norte, permitindo o regresso do crescimento das vendas na região após cerca de um ano.

David Swartz, analista da Morningstar, afirmou: “Achamos que os retalhistas — como a Foot Locker e a Dick’s Sporting Goods — reagem positivamente à nova gama de sapatos de corrida da Nike.”

As ações da Nike subiram cerca de 3% na pré-abertura de quarta-feira, com os investidores a saudarem uma redução de 2% no inventário.

Mari Shor, analista sênior de ações na Columbia Threadneedle, disse: “Estou muito satisfeita com os níveis de inventário. As unidades caíram mais do que o valor em dólares, à medida que a inflação começa a ser sentida. Já limparam, em grande medida, os modelos mais antigos.” 

O progresso não será linear, advertiu Hill numa chamada após os resultados, prevendo-se agora que as tarifas alfandegárias custem cerca de 1,5 bilhões de dólares — face ao um bilhão de dólares que a Nike estimou anteriormente — e pressionem margens já afetadas por fortes descontos para escoar stock.

A China continua a ser um mercado desafiante, com intensa concorrência de marcas locais mais baratas, como a Anta e a Li-Ning, o que agrava ainda mais a fraca recuperação econômica e as dificuldades do negócio no atacado.

O diretor-financeiro, Matthew Friend, disse numa chamada após os resultados:
 “Podemos investir para manter o mercado limpo e saudável, mas é um modelo operacional dispendioso se as vendas não melhorarem para os níveis que precisamos de ver de época para época.”

O envolvimento dos clientes também permanece fraco no negócio digital da empresa, com as receitas a caírem 12% no trimestre. Hill afirmou que o negócio digital global ainda procura se firmar, com a empresa a reduzir as promoções nesse canal.

O negócio direto ao consumidor da Nike não deverá voltar a crescer no exercício fiscal de 2026, disseram os executivos, à medida que a unidade recupera dos fortes descontos usados para limpar o inventário de algumas das suas linhas clássicas, como o Air Force 1 e os Air Jordan.

Swartz declarou: “Inicialmente, pensei que a Nike estivesse mais adiantada. Via este outono como o verdadeiro ponto de virada, mas isso, claramente, não vai acontecer até 2026.” 

FashionNetwork.com com a Reuters

© Thomson Reuters 2025 All rights reserved.

Fonte: Fashion Network

Compartilhar esta notícia