O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou nesta quarta-feira (26) que ainda não há ainda uma definição dentro do governo sobre o substituto de Alexandre Padilha na Secretaria de Relações Institucionais (SRI) e que, por enquanto, o nome “deve estar na cabeça do presidente” Luiz Inácio Lula da Silva (PT) somente. “O presidente está refletindo sobre isso. Ele ainda não definiu um nome, não revelou a nenhum dos assessores”, afirmou em entrevista à GloboNews.
A saída de Padilha da SRI abre disputa pelo ministério, responsável pela articulação política do governo e que maneja o fluxo de liberação de emendas parlamentares. A pasta é cobiçada pelo Centrão e o nome do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), foi cogitado para ocupar o cargo. Segundo um interlocutor do ministro, ele chegou a ser sondado por emissários de Lula para assumir a cadeira de Padilha. Mas tanto ele quanto seu partido demonstraram preferência por continuar no atual posto.
Os favoritos para substituir Padilha são o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e a presidente nacional do PT, a também deputada Gleisi Hoffmann (SP). Lula resiste a nomear um político de fora do partido para o Planalto, a não ser que seja alguém de sua confiança.
Na entrevista desta manhã, Rui Costa disse que o novo ministro “precisa, antes de tudo, ter vontade de dialogar com o Congresso, com prefeitos e governadores”. “Porque serão dois anos de uma nova etapa [no governo]. As principais propostas já foram estruturadas, mas é preciso intensificar isso. É um ano de entregas”, afirmou.
O comando da SRI ficou vago após Padilha ser nomeado para o lugar de Nísia Trindade no Ministério da Saúde. Nísia foi demitida terça-feira pelo presidente Lula, após um longo processo de desgaste e semanas de fritura pública, com rumores dentro do governo sobre sua saída da Esplanada.
Padilha, escolhido de Lula para a pasta, já foi ministro da Saúde no primeiro mandato de Dilma Rousseff (2011-2014). Ele assume o cargo em 6 de março.
Na entrevista à GloboNews, Rui Costa elogiou Nísia. “Ministra extraordinária, séria, capaz, que buscou com muito diálogo reestruturar o SUS, que foi desmontado [no governo de Jair Bolsonaro]”, ele disse. Questionado se a ministra estaria sendo cotada para outro cargo no governo, Costa considerou “prematuro fazer especulações”. “Mas ela é altamente qualificada e pode exercer qualquer tipo de projeto”, concluiu.
Rui Costa negou que mudanças nos ministérios – para dar mais espaço a partidos do Centrão – estejam atreladas à eleição de 2026. “As mudanças que o presidente pretende fazer, em nenhum momento eu ouvi, nem publicamente nem internamente, qualquer correlação com a eleição de 2026. O que o presidente está preocupado é em melhorar”, disse.
Ele tratou como “natural” que os partidos desejem ocupar um espaço maior no governo, mas ponderou que o número de ministérios é finito e que “para dar mais espaço para alguém, é preciso diminuir o espaço de alguém”.
Segundo Costa, o presidente Lula vai chamar os líderes para conversar. “Mas eu digo, não tivemos nem teremos dificuldade para aprovar os projetos na Câmara e no Senado”, emendou, referindo-se à governabilidade de Lula.
“Os principais projetos nesses dois anos, todos eles foram aprovados na Câmara e no Senado. Não se pode dizer que tivemos dificuldade sob a coordenação de Padilha, que estava à frente, com os dois presidentes, [Rodrigo] Pacheco e [Arthur] Lira. E, agora, com os dois novos presidentes [Davi Alcolumbre e Hugo Motta], são perfis diferentes, mas com pré-disposição ao diálogo, não acho que teremos problema de governabilidade.”
Fonte: Valor