Traduzido por
Helena OSORIO
Publicado em
9 de abril de 2025
A excelência francesa é destaque em Milão. No primeiro dia da Design Week, duas das mais prestigiadas marcas de luxo do mundo distinguiram-se por colocarem o vidro no centro das suas coleções para a casa, com duas abordagens diferentes. Por um lado, a Hermès apresentou uma instalação cenográfica de grande impacto que celebra a cor e a luz. Por outro, peças únicas feitas à mão pelo designer francês Sam Baron, reveladas nas lojas da Christian Dior.

A primeira coisa que chama a atenção ao descobrir a instalação da Hermès é a sua luminosidade. Como sempre, desde 2019, instalou-se no Pelota, um local histórico no bairro moderno de Brera. Afastando-se da decoração escura das edições anteriores, a francesa Charlotte Macaux Perelman, arquiteta e diretora artística das coleções Hermès para a casa, juntamente com o conterrâneo Alexis Fabry, repintou o espaço de 2.000 metros quadrados de branco.
Neste cenário leitoso, grandes volumes geométricos (cilindros, cubos e outros) suspensos no teto deixam escapar uma auréola de cor para o pavimento. Cada um deles abriga uma seleção limitada de objetos da nova coleção para a casa, que são revelados através de aberturas, orifícios e outras janelas cortadas nas caixas. A ideia é incentivar um espírito de descoberta e de emoção em torno da aura que emana dos objetos assim apresentados, jogando com a cor e a luz. O vidro, em particular, está em destaque este ano, sendo trabalhado em várias técnicas.
Mais adepto dos objetos de cristal, esta é a primeira vez que a marca francesa explora as técnicas do vidro. O vidro pode ser encontrado tanto numa pequena mesa do designer espanhol Tomás Alonso, cuja base é feita de folhas de vidro lacado pintadas em diferentes cores, como na tampa de uma caixa de madeira, onde foram fundidas camadas de vidro em diferentes tonalidades.

O vidro e as jarras ocupam a maior parte do espaço. Uma jarra de vidro laranja soprado à mão é combinada com uma braçadeira de couro em dois tons de ferrugem e azul. Os jarros, nos quais o vidreiro sobrepôs duas pastas fundidas de cores diferentes sobre o vidro transparente, parecem estar meio cheios de um líquido colorido. De fato, quando estão cheios de água, as suas cores variam infinitamente. Em outros locais, uma série de copos axadrezados, com o aspeto de capacetes de jóqueis, são compostos por tiras de vidro colorido, cortado a frio.
A cor está por toda parte, desde as grandes mantas de caxemira com os seus padrões geométricos, aos frisos em aguarela do irlandês Nigel Peake que decoram todos os elementos de porcelana do serviço de jantar Hermès e aos cestos de couro com os seus motivos tartan.
No Salão do Móvel deste ano, não houve uma instalação especial para a linha da Dior dedicada à casa, mas uma apresentação mais discreta na boutique da marca no início da Corso Venezia. Na entrada, três vasos de vidro soprado pelo designer Sam Baron, que trabalha com a marca LVMH desde 2020.
Estas três peças excepcionais, com quase um metro de altura e com ramos de flores em forma de arabescos em vidro transparente, foram criadas pelo vidreiro artesão Massimo Lunardon, de Bassano del Grappa, na região do Veneto, após uma série de trocas estimulantes entre ele, Sam Baron e as equipas da Dior Maison. Produzido numa série limitada de oito exemplares, cada vaso tem um preço de 15.000 euros.

“Comecei com algumas peças que criei para a coleção Cruiser 2020 de Maria Grazia Chiuri em torno do tema do trigo e aprofundei este fio da natureza, que estava muito presente no sr. Dior, que adorava flores. A natureza é essencial. Não só precisamos preservar, como sempre foi uma grande fonte de inspiração”, explicou Sam Baron, que veio a Milão para mostrar o seu trabalho.
O designer, que divide o seu tempo entre Lisboa e Paris, quis também realçar a herança da maison de luxo em torno deste mundo da decoração. “A Dior foi a primeira casa de moda a ter uma linha de objetos. Christian Dior era um apaixonado pelo design. A primeira boutique que abriu, em 1947, chamava-se Colifichets, onde vendia acessórios e objetos de decoração”, lembra Sam Baron, que se debruçou sobre os arquivos da maison para este novo projeto.
“O que mais me surpreendeu nos arquivos foi a diversidade das peças. Christian Dior era insaciável! Onde quer que fosse, comprava, inspirava-se e mandava produzir coisas. Ao olhar atentamente para as suas referências, continuo a encontrar afinidades com o meu trabalho. É como se fosse uma conversa entre nós”, diz. Entre estes tesouros, o designer encontrou, em particular, o primeiro frasco do perfume Miss Dior, a ânfora de vidro original em forma de gota estriada, na qual se inspirou para criar os seus vasos com as suas formas suaves e arredondadas.
Juntamente com as três grandes jarras, existe uma coleção maior, intitulada “Ode à Natureza”. Inclui copos, castiçais, jarras, pratos decorativos e taças com preços entre 200 e 800 euros, todos em vidro soprado e decorados com motivos vegetais.
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Fonte: Fashion Network