Sarah Burton estreia com brilhantismo

Traduzido por

Estela Ataíde

Publicado em



10 de março de 2025

A primeira coleção de Sarah Burton para a Givenchy foi um sucesso absoluto nesta Semana da Moda de Paris.

Givenchy -outono-inverno 2025 – 2026 – Moda Feminina – França – Paris – ©Launchmetrics/spotlight

Em um espaço intimista, o desfile aconteceu em uma manhã ensolarada, na sexta-feira, 7 de março, nos salões da histórica sede da Givenchy na avenida George V. O cenário, recentemente pintado totalmente de branco imaculado, incluindo as escadarias, serviu como uma impressionante tela em branco para a concepção artística de Sarah Burton.
 
A Givenchy e Sarah Burton continuam a atrair as estrelas, como evidenciado pelos convidados na primeira fila, entre os quais Gwendoline Christie, Rooney Mara, Joseph Quinn, Ryan Destiny e Raye e Kit Connor, todos vestidos com Givenchy por Sarah Burton.

Gwendoline Christie em um look Givenchy por Sarah Burton.
Gwendoline Christie em um look Givenchy por Sarah Burton. – Photo Credits: Courtesy of Givenchy

 

Raye num vestido Givenchy
Raye num vestido Givenchy – Photo Credits: Courtesy of Givenchy

Burton contou ao Fashion Network após o desfile: “Queria começar do zero. Quando cheguei aqui, encontrei este belo edifício com um monte de paredes, como um monte de caixinhas. Então pensei: ‘Podemos desmontar algumas delas?'”
 
Sarah Burton prestou homenagem a Hubert de Givenchy, inspirando-se na sua icônica blusa Bettina, nos seus cortes impecáveis e nos seus vestidos pretos desenhados para Audrey Hepburn. No entanto, graças à sua inegável autoridade, a designer britânica já tornou sua a marca de luxo francesa.

A criadora abriu o desfile com um gesto respeitoso: um top preto de rede adornado com a inscrição “Givenchy 1952”, ano de fundação da maison. Mesmo assim, foi capaz de revisitar sutilmente a herança da Givenchy, criando a peça num tecido sexy e semitransparente. Seguiram-se com bodies rosa e amarelo canário inspirados na alta-costura, adornados com elegantes decotes plissados.

Photo Credits: Godfrey Deeny

A habilidade de alfaiataria de Burton era notória em ousados ternos trespassados em espinha de peixe e sobretudos ajustados na cintura, com acabamentos em degradé. De vez em quando, acrescentou toques do mais puro chic parisiense – desde um casaco de caxemira branco de cintura descida e corte perfeito até um blusão de motociclista sexy em versão social para a noite.
 
Burton juntou-se à Givenchy no ano passado, após quase três décadas trabalhando na grife criada por Alexander (Lee) McQueen, onde começou em 1996, quando Lee era também couturier na Givenchy.

Burton explicou: “Queria voltar às silhuetas Givenchy, que são a espinha dorsal desta casa. Mas, também queria incluir todos os elementos que nos tornam mulheres hoje em dia. Com aqueles momentos em que nos queremos sentir poderosas, sexy, frágeis ou vulneráveis. Queria expressar e celebrar toda a complexidade de ser mulher.” A designer recorreu  a modelos de todos os formatos e tamanhos, conseguindo um elenco altamente variado.

Photo Credits: Godfrey Deeny

Um sutil sentido de humor era também palpável, nomeadamente através de um extraordinário top desenhado com uma série de peças refletoras, usado como que por magia, ou até de um soberbo vestido de noite ultracurto exibindo produtos de maquiagem, o que provocou alguns sorrisos irônicos na plateia.

Photo Credits: Godfrey Deeny

Burton disse sorrindo: “Na minha cabeça imaginei Bettina Graziani (a modelo favorita de Hubert de Givenchy) derrubando sua bolsa no estúdio e triando pó compacto, estojo de maquiagem e algumas joias.”

O resultado foi a coleção de joias mais original da temporada: brincos pendentes Swarovski, brincos de cristal, gargantilhas de prata, brincos do tamanho de bolas de golfe e pulseiras ousadas e grossas em formas abstratas. Em um único desfile, Sarah Burton inventou uma categoria comercial completamente nova que a Givenchy não tinha explorado até então. O que reforça a impressão de que a estreia de Sarah Burton é uma vitória significativa para Sidney Toledano, CEO do LVMH Fashion Group, e Alessandro Valenti, que assumiu o cargo de CEO da Givenchy no ano passado.

Photo Credits: Godfrey Deeny


Burton também correu muitos riscos, reinventando a blusa Bettina como uma camisa de noite sexy e reinterpretando as mangas insufladas característica de Hubert de Givenchy em uma versão femme fatale com mangas de couro soltas usadas com um mini sutiã.

Próximo passo: alta-costura. Mas, será provavelmente em fevereiro, uma vez que Sarah Burton ainda está reunindo seu time. Assim como quando trabalhou na McQueen, quer criar ateliês com jovens talentosos recém-formados, colaborando com modelistas saídos das “escolas maravilhosas de Paris”.
 
O desfile marcou um novo marco na notável carreira de Sarah Burton. Depois de deixar a universidade tornou-se braço direito de Alexander McQueen e assumiu o cargo de diretora artística da casa após a sua morte em 2010. Recorda que quando começou na McQueen, em meados da década de 1990, pegava o Eurostar de Londres para Paris para transportar “peças de desfile, que pareciam robôs brilhantes” para os desfiles de alta-costura da Givenchy em Paris.
 
Quando questionada sobre como definir o DNA da Givenchy, Sarah Burton respondeu: “Acho que onde quer que vá, tem de contar a sua própria história. Definir o que a casa representa e depois interpretar o que quer expressar com sensibilidade, confiança e emoção.”

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Fonte: Fashion Network

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