Traduzido por
Estela Ataíde
Publicado em
6 de fevereiro de 2025
A fashion week nova-iorquina deu início à temporada internacional de desfiles na manhã desta quinta-feira, com os designers preocupados com as taxações e as marcas enfrentando várias sanções internacionais.

A temporada está cada vez mais desprovida dos seus maiores designers: Ralph Lauren, Tommy Hilfiger, Marc Jacobs (que desfilou fora da programação) e Proenza Schouler, cuja nomeação como novos diretores criativos da Loewe deverá ser anunciada na primavera.
A marca mais famosa a desfilar em Nova York será a Calvin Klein, que retorna com Veronica Leoni, a sua nova designer, após uma ausência de cinco anos. Mas, a mesma marca acaba de ser adicionada à lista de entidades não fidedignas da China, juntamente com outro membro do grupo PVH, a Tommy Hilfiger.
As medidas agressivas surgiram depois do presidente Donald Trump, antigo residente em Nova York, ter imposto novas taxações à China. Em resposta, o Ministério do Comércio da China queixou-se de que as duas marcas de moda “violaram os princípios comerciais normais, interromperam as transações de rotina com empresas chinesas, adotaram medidas discriminatórias contra as empresas chinesas e prejudicaram gravemente os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas”. Isto sem, no entanto, fornecer detalhes precisos.
Ser incluído na lista pode resultar em multas, bem como em restrições de vendas e investimentos na China.

No entanto, a NYFW desta temporada será monótona: nada menos que 47 marcas apresentarão desfiles, 16 marcas planeiam apresentações, outras 19 apresentações mediante marcação e quatro marcas estão listadas na categoria de desfiles digitais. Tudo isto ao longo dos seis dias do evento, que terminará na noite de terça-feira, 11 de fevereiro, com o desfile da Thom Browne.
A temporada de Nova York acontece após muitos designers se terem manifestado em desfiles de moda masculina e alta costura europeus no mês passado para denunciar ataques contra a comunidade LGBTQI+ após o regresso de Donald Trump ao poder em Washington.
O que destaca indiretamente um dos maiores pontos fortes da temporada nova-iorquina: a sua notável diversidade étnica e de gênero, pelo menos em comparação com a Europa continental. De acordo com o Council of Fashion Designers of America, ou CFDA, o órgão regulador da moda americana, a paridade de gênero é quase perfeita entre os designers, com um destes identificando-se como não binário. Além disso, 48 marcas propõem modelos desenhados por designers caucasianos, 17 por designers asiáticos, 16 por designers negros e sete por criadores latino-americanos.
A Big Apple continua a ser o verdadeiro caldeirão do mundo e do universo da moda. Nestes tempos de resistência e esperança, conversamos com Steven Kolb, CEO do CFDA, neste início da temporada.

FashionNetwork: A China acaba de anunciar medidas tarifárias de retaliação. Que impacto terá na New York Fashion Week e nos designers americanos? E o que dizer do grupo PVH, proprietário da Calvin Klein e da Tommy Hilfiger, que está agora na lista das entidades não conviáveis estabelecida pela China?
Steven Kolb: As taxas de retaliação da China vão afetar a moda americana. O aumento dos custos de fabricação e as perturbações na cadeia de abastecimento podem ter impacto nos preços e na produção dos criadores. A semana da moda de Nova York também pode ser afetada à medida que as marcas enfrentam estes desafios. A inclusão da PVH na lista de entidades não confiáveis da China pode restringir o acesso ao mercado, perturbar as cadeias produtivas e ter impacto na demanda dos consumidores.
FN: Apesar destas preocupações, que novos talentos mais despertam seu entusiasmo nesta temporada?
SK: Estamos ansiosos pelo retorno da Calvin Klein Collection sob a direção artística de Veronica Leoni, bem como de Christopher John Rogers. Talentos como Gabe Gordon, LeBlancStudios de Yamil Arbaje e Angelo Beato, Zoe Gustavia Anna Whalen, Heirlome e Chuks Collins também estão no programa. A Semana da Moda de Nova York sempre foi um lugar de descobertas, e estes talentos trazem uma lufada de ar fresco e novas perspectivas sobre as coleções americanas.
FN: As semanas de moda realizadas em janeiro na Europa, tanto as dedicadas à moda masculina como as dedicadas à alta costura, foram marcadas por inúmeras manifestações de apoio à comunidade LGBTQI+. Espera que o mesmo aconteça na fashion week de Nova York?
SK: A comunidade LGBTQI+ tem sido uma presença constante na Semana da Moda de Nova York e na moda americana. Tendo em conta o atual clima político, esperamos que os criadores expressem o seu apoio à comunidade. A moda é um reflexo da cultura, e a Semana da Moda de Nova York continuará a ser um trampolim para isso.
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Fonte: Fashion Network