Setor têxtil transforma 68 mil toneladas de plástico reciclado em moda, enquanto o setor de calçados utiliza 5 mil toneladas de compostos reciclados

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10 de outubro de 2025

A indústria têxtil brasileira deu um passo importante na transição para uma economia mais circular. De acordo com o estudo Monitoramento dos Índices de Reciclagem Mecânica de Plásticos Pós-Consumo no Brasil 2025 (Ano-base 2024), realizado pela MaxiQuim em parceria com o PICPlast, o setor utilizou 68 mil toneladas de plástico reciclado na produção de roupas e acessórios ao longo de 2024 — um crescimento de cerca de 15% em relação ao ano anterior. O avanço elevou a aplicação têxtil à sexta posição entre os segmentos que mais demandam resina reciclada. Já o setor de calçados utilizou 5 mil toneladas. 

Segmentos de destino das vendas de plásticos PCR em 2024
Segmentos de destino das vendas de plásticos PCR em 2024 – Elaboração e Análise MaxiQuim com dados da Pesquisa PICPlast 2025

O estudo indica que, no total, o Brasil reciclou 1,012 milhão de toneladas de plásticos pós-consumo em 2024, com destaque para o PET, material amplamente empregado na produção de fibras têxteis, solados e componentes de calçados. Somente esse tipo de resina respondeu por 397 mil toneladas processadas no período, sendo o polímero reciclado mais relevante do mercado nacional. A pesquisa também mostra que o uso de plásticos reciclados de outros tipos — como PP, PEAD e PS — vem crescendo, ampliando as possibilidades de aplicação em tecidos técnicos e peças de calçados.

Ainda que representem uma fração modesta do total de fibras consumidas no Brasil, os fios têxteis produzidos a partir de materiais reciclados vêm ganhando espaço. Segundo dados da Abrafas, o país consumiu 678 mil toneladas de fibras de poliéster em 2024, o que evidencia o potencial de expansão do uso de insumos reciclados nesse segmento. Na indústria calçadista, o aproveitamento de polímeros reciclados também avança, especialmente em palmilhas, solados e componentes estruturais.

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Apesar do crescimento, o relatório chama atenção para desafios logísticos e estruturais que ainda limitam a expansão da reciclagem. A dependência de sucateiros e aparas industriais como principais fontes de resíduo mantém gargalos de coleta e encarece o transporte, enquanto cooperativas e catadores perdem espaço por baixa remuneração e falta de estrutura. Para o setor têxtil e de calçados, esses obstáculos representam tanto um risco quanto uma oportunidade: investir em parcerias regionais e cadeias reversas próprias pode garantir fornecimento contínuo de PET e outros plásticos reciclados com qualidade certificada.

Com o objetivo de aprimorar o monitoramento e a transparência dos dados, a MaxiQuim anunciou o lançamento do Recicla Data, ferramenta digital que entrará em operação em 2026. A plataforma permitirá que empresas registrem, em ambiente automatizado, as quantidades de resíduos consumidos e de produtos reciclados gerados, além de comparar indicadores por setor ou região. A iniciativa deve fortalecer a rastreabilidade das matérias-primas recicladas e oferecer às marcas têxteis e calçadistas um instrumento estratégico para comprovar práticas sustentáveis e atender às exigências ambientais do mercado global.

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Fonte: Fashion Network

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