O diretor de política econômica do Banco Central (BC), Diogo Guillen, afirmou as expectativas de inflação desancoraram mais. Guillen participou de conferência sobre transmissão de política monetária e mercado de trabalho promovido pelo Banco de Portugal, em Lisboa.
“As expectativas de inflação, como mencionei, estão desancoradas e desancoraram mais e são importantes para entender o comportamento da inflação no futuro.”
Guillen ressaltou que, quando as expectativas de inflação estão desancoradas, aumenta o custo de levar a inflação para a meta. Além disso, o diretor destacou que o hiato do produto (medida de ociosidade da economia) está positivo e a inflação corrente está em patamar alto. O relatório Focus mostra que a mediana das projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em 5,65% para este ano e 4,40% para 2026.
O diretor afirmou que o BC está no meio de um ciclo de aperto monetário e reforçou a mensagem de que a magnitude total do ciclo será determinada pelo compromisso firme de atingir a meta de inflação de 3%. “Não é um intervalo, é 3%”, disse.
Guillen ainda ressaltou, como destacado na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que o colegiado olha para a inflação de serviços e que o choque dos itens de alimentação no último trimestre “é menos relacionado à política monetária, mais sobre choques de oferta”.
A última ata destacava que houve uma elevação “de forma significativa” dos preços de alimentos “em função, dentre outros fatores, da estiagem observada ao longo do ano e da elevação de preços de carnes, também afetada pelo ciclo do boi”. O diretor afirmou que, na última ata do Copom, foi destacado que todos os membros do colegiado estavam desconfortáveis com a desancoragem das expectativas de inflação “e temos que agir sobre isso”.
Além disso, o diretor ressaltou o hiato do produto e a dificuldade de fazer essa medida. “No Brasil, nos últimos quatro ou seis trimestres, mudamos de um hiato do produto negativo para um positivo. A atividade tem surpreendido para cima crescendo acima do potencial, também mudamos nossos métodos de estimar o hiato do produto, destacamos isso na comunicação. Agora vemos o hiato do produto positivo e achamos que vai crescer abaixo do potencial para ir para um hiato do produto negativo daqui seis trimestres e isso é necessário para levar a inflação para a meta.”
Guillen também destacou que no balanço de riscos há o crescimento, expectativas de inflação e o cenário internacional. “Tarifas, se vão ser implementadas, qual vai ser o montante.”
Sobre o mercado de trabalho, Guillen, disse que está apertado e é difícil saber qual é a Nairu, a taxa de desemprego que não acelera a inflação. Segundo o diretor, o BC esteve atento ao comportamento das remunerações. Guillen destacou que isso ajuda a contar a história da mudança de posição na política monetária, que tinha os juros em queda até maio de 2024, mas passou a subir em setembro.
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Fonte: Valor