Cada temporada começa com a promessa de uma morte precoce que arruína o clima de um resort luxuoso – quem será a vítima desta vez? The White Lotus não é exatamente uma série de terror ou um jogo de adivinhação — pelo menos não no sentido tradicional, ao estilo Agatha Christie. Porém, como os fãs da sátira afiada de Mike White já sabem, as coisas raramente se resolvem de forma tão organizada.
Sim, cada temporada começa com a promessa de uma morte precoce que arruína o clima de um resort luxuoso. “Isso já virou um clichê”, disse White em uma entrevista à New Yorker em 2021. “Todas essas minisséries que começam com um cadáver… Eu pensei: ‘Você quer um cadáver? Tá aqui o seu cadáver.’” Mas, ao contrário de um mistério clássico à la Christie, cada temporada nos leva por uma jornada cheia de voltas e reviravoltas para descobrir não quem cometeu o crime, mas sim quem foi a vítima — e, por isso, as previsões para o final de The White Lotus sempre enlouquecem os fãs. Naturalmente, isso torna a série o material perfeito para detetives amadores da internet criarem suas próprias teorias e apostas.
Mais inusitado ainda: geralmente, quem morre tem muito mais responsabilidade sobre sua própria queda do que quem comete o ato. Na primeira temporada, Armond (Murray Bartlett), gerente do White Lotus de Maui, foi acidentalmente esfaqueado por Shane (Jake Lacy) depois de uma semana de rivalidade que culminou com Armond defecando no quarto de hotel de Shane. Já na segunda temporada, nossa amada Tanya McQuoid (Jennifer Coolidge) conseguiu escapar dos “gays” assassinos (quem sabe, sabe) a mando do marido Greg em um iate na Sicília — mas acabou tropeçando e caindo da embarcação, morrendo afogada.
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Na terceira temporada, ambientada no White Lotus da Tailândia, a trama começa com Zion, filho de Belinda, fugindo de uma sessão de terapia após ouvir tiros — até encontrar um corpo boiando na água. De quem é o corpo? E quem estava atirando? Essas são as perguntas que finalmente teremos respondidas no episódio final deste fim de semana — mas, claro, nós, fãs de White Lotus, também somos detetives amadores, e metade da graça é justamente tentar juntar as pistas e descobrir tudo antes.
O que torna tudo isso tão divertido? Há pistas reais escondidas. Na temporada passada, por exemplo, a figurinista deu a dica sobre o destino de Tanya com um vestido floral que se parecia muito com o vestido usado pela personagem de O Poderoso Chefão — que, sim, foi assassinada.
“Fiquei surpresa com a capacidade dos detetives da internet de juntar as coisas”, contou Alex Bovaird ao Page Six Style. “Quando vi o tuíte de Evan Ross Katz mostrando o vestido da morte da Tanya ao lado do boneco de O Poderoso Chefão, fiquei muito impressionada.”
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Nesta temporada, há previsões de final realmente intrigantes. Mas antes, um pequeno resumo das nossas potenciais vítimas e culpados.
Temos a família Ratliff, uma dinastia do sul dos EUA com dinheiro antigo. O patriarca Timothy passa a semana entrando em um torpor induzido por Lorazepam enquanto lida com a iminente ruína causada por um crime de colarinho branco. A matriarca Victoria, por sua vez, é forçada a beber até dormir, já que está sem seus remédios. O filho “alfa” Saxon e o filho mais frágil Lochlan acabam — checando as anotações — em um já infame ménage à trois, enquanto a filha budista Piper tenta se inscrever para um retiro de um ano em um mosteiro local. Eles são, como Victoria diz com desprezo no primeiro episódio, uma “família muito normal”. Aham.
Depois temos o que White apelidou de “a bolha loira” — três amigas de longa data que formam um dos trios tóxicos mais fascinantes da história da TV. Elas passam o tempo disputando poder com a ajuda de Valentin, o massagista russo, e seus dois parceiros. E sim, claro que os russos estão tentando aplicar um golpe.
Temos ainda a adorável Chelsea, uma ariana de coração aberto, e seu namorado mais velho e rabugento, Rick, um escorpiano misterioso. Almas gêmeas, galera! Além disso, há um segurança meio tapado (Gaitok), uma funcionária possivelmente nem tão doce assim (Mook), um gerente de hotel que só quer cantar (Fabian), um amigo sensual para Belinda (Pornchai), um Sam Rockwell que não está mais sóbrio (Frank), o retorno de Greg/Gary, sua atual namorada (Chloe), um dono de hotel envelhecido e com um passado duvidoso (Jim) e sua esposa ex-cantora famosa (Sritala).
Ou seja: tem MUITA coisa acontecendo — e muita gente que pode acabar morta num lago. Vamos as teorias!
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Teoria: A previsão do flautista de Hamelin
Quem morre? Lochlan, Saxon ou talvez toda a família Ratliff.
Saxon
Divulgação
A teoria? Alguns detetives da internet estão convencidos de que a família Ratliff está conectada à lenda do Flautista de Hamelin. Na história do século XIII, o “flautista” é contratado por uma cidade saxã para livrá-la de uma infestação de ratos. Quando não é pago, ele atrai as crianças da cidade com sua flauta até uma montanha e elas desaparecem. De acordo com um usuário do Reddit, a lenda encaixa perfeitamente com os Ratliff. Primeiro, o sobrenome: “Rat”liff. Depois, Saxon, que remete à Saxônia — local da lenda — e Piper, cujo nome remete diretamente ao flautista!
“Vai ter gente dizendo que isso é só um trocadilho inteligente, mas eu desafio você a pensar o seguinte: a lenda original se passa na Saxônia”, escreveu o fã. “O filho mais velho dos Ratliff se chama Saxon. Não consigo acreditar que isso é coincidência. É o Mike White nos entregando um mapa.”
O fã também aponta que, em algumas versões da lenda, as crianças são levadas para um rio e afogadas. Aí entra Lochlan, o terceiro filho dos Ratliff. O nome Lochlan tem origem gaélica e significa “terra dos lagos” ou “dos lochs”. Ele tem, portanto, uma ligação direta com a água. Nas sequências de sonhos e sons, Lochlan parece ser magnetizado pelo oceano e atraído por paisagens aquáticas.
Outro fã observou que o nome de Sam Nivola, ator que interpreta Lochlan, aparece ao lado da imagem de um homem se afogando na abertura da série. Coincidência? Talvez não.
Há também muito simbolismo aquático associado aos Ratliff, especialmente a Lochlan. Ele é obcecado por vídeos de tsunamis, o que inspira o sonho de tsunami de sua mãe. Um monge diz a Timothy que, no budismo, a vida é como uma gota d’água saltando do oceano da consciência universal. E sempre que os Ratliff aparecem, há tomadas aleatórias de ondas e água. Segundo o fã: “Vale lembrar que, na lenda, o flautista não mata as crianças. Ele apenas as leva embora.” Talvez o paralelo aqui seja que Piper levou a família para a Tailândia sob o pretexto de escrever uma tese sobre budismo — e, talvez, um ou todos seus familiares acabem “afogados” por consequência disso.
Teoria: A conexão com The Staircase
Quem morre? Victoria Ratliff
Victoria Ratliff
Divulgação
A teoria? Prepare-se para uma viagem. Uma usuária do TikTok notou semelhanças bizarras entre a família Ratliff e uma família de um famoso caso real — e talvez ela esteja certa. A teoria conecta os Ratliff à família do documentário The Staircase, que depois virou uma minissérie estrelada por Colin Firth e Toni Collette, em 2022.
A série narra a história de Michael Peterson, um escritor acusado de matar a esposa, que foi encontrada morta no fundo da escada de casa. Segundo essa fã, há muitas coincidências com a família Ratliff de The White Lotus.
Primeiro, o nome. No caso real, descobriu-se que Peterson havia sido amigo (e amante) de uma mulher que também foi encontrada morta no fundo da escada. O nome dela? Elizabeth Ratliffe — sim, o mesmo nome da personagem de Parker Posey na série. Peterson e sua esposa adotaram os filhos de Elizabeth e se tornaram a família Peterson-Ratliff. Patrick Schwarzenegger, o Saxon da série, também atuou na versão dramatizada de The Staircase.
Tem também a conexão com a Carolina do Norte. Assim como os Ratliff de The White Lotus, os Peterson também se formaram em universidades rivais: Duke e Chapel Hill. Mas fica mais esquisito ainda: em The Staircase de 2022, Parker Posey interpretou Freda Black, a promotora do caso contra Peterson.
“Não estou dizendo que isso vai se conectar com um crime real, mas pode ser um easter egg”, diz a fã. “Ou talvez o que vai acontecer nesta temporada é que, assim como na vida real, a matriarca da família Ratliff vai ser [morta] de forma suspeita pelo marido.”
Ela acrescenta: “Acho que os tiros não têm relação com isso. Acho que o pai vai envenená-la acidentalmente com alguma fruta, e os filhos vão fazer vista grossa, como os filhos de Michael Peterson.” Ela se refere à teoria de que, na primeira cena em que os três filhos aparecem, eles representam os macacos “não ouço o mal, não vejo o mal, não falo o mal”.
Teoria: O fruto proibido de Tchékhov
Quem morre? Os Ratliff, de novo.
Lochlan Ratliff
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A teoria? Ah sim, a teoria do fruto de Tchékhov. Quem estudou teatro ou roteiro sabe do conceito de “arma de Tchékhov” — a ideia de que, se um objeto aparentemente banal aparece no começo da história, ele vai voltar com consequências trágicas no final. Na terceira temporada, alguns fãs acham que esse objeto será a fruta envenenada — ou, mais precisamente, o fruto proibido. Tipo o da Bíblia, que representa tentação sexual? Tipo a relação incestuosa entre Lochlan e Saxon? Pois é. Vamos por partes.
Um fã apontou que, no primeiro episódio, ao chegarem no resort, Saxon pega uma fruta e um funcionário avisa que ela pode matá-lo se ele comer. “Continuamos vendo o Saxon e esse maldito liquidificador”, comentou o fã, sugerindo que alguém da família vai acabar fazendo um smoothie com a fruta.
Outro fã acredita que Timothy será quem vai usar a fruta, tentando se matar. Faz sentido: no final do último episódio, ele percebe que a arma que roubou de Gaitok desapareceu. A teoria diz que Lochlan vai acabar tomando o smoothie achando que era do Saxon. “A gente sabe que o Lochlan quer ser o Saxon”, disse ela.
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Teoria: O colar da Chelsea traz uma pista
Quem morre? Chelsea
Chelsea
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A teoria? Já sabemos que as roupas dos personagens escondem pistas — afinal, o vestido da Tanya inspirado em O Poderoso Chefão já denunciava seu destino. Nesta temporada, uma fã acredita que os acessórios de Chelsea indicam sua morte iminente. “Nem queria falar isso em voz alta porque fico com medo do que pode acontecer com ela. Mas ela está quase sempre usando um colar com o pingente ‘Stay Gold’”, explicou a escritora de moda Tara Maria Gonzalez.
O colar custa US$ 10.000 e é da Flow London, inspirado na famosa frase “Stay gold, Ponyboy”, do livro Vidas sem Rumo (The Outsiders). “Foi o que Johnny Cade disse antes de morrer…”
Teoria: A predadora vai pagar pelos seus crimes
Quem morre? Chloe
Chloe
glamour
A teoria? Essa é direta: Chloe seria a maior “predadora” da temporada e, por isso, está prestes a ter sua queda. “Toda temporada o predador sexual é quem morre”, apontou um fã. “Quando penso na terceira temporada, quem é a verdadeira predadora aqui?” Afinal, Chloe meio que orquestra toda a tensão entre os irmãos.
Teoria: A pista está nas pulseiras
Quem morre? Rick e Saxon
Rick
Divulgação
A teoria? Também bem objetiva. No primeiro episódio, todos os hóspedes são convidados a usar uma pulseira Sai Sin ao chegar no hotel. Como um fã lembrou no Reddit, apenas duas pessoas recusam — e, segundo ele, essas duas não vão sair vivas da temporada.
“Rick e Saxon vão morrer. A série mostra isso nos primeiros minutos do episódio 1”, escreveu o fã. “Quase todos os hóspedes aceitam a pulseira Sai Sin ao descer do barco. Essas pulseiras são fios sagrados, abençoados por monges budistas. Elas oferecem segurança e proteção a quem as usa.”
Teoria: Coisas ruins sempre vêm em trio
Quem morre? Três pessoas
A teoria? Em vez de uma ou duas mortes, essa temporada pode trazer três — talvez completamente desconectadas entre si. A pista? O número três aparece o tempo todo. Como destacou um texto do site PureWow, “Desde as cenas de abertura de The White Lotus temporada 3, o público é praticamente bombardeado com trios.” São três irmãos Ratliff, três grupos de hóspedes, três amigas loiras, três golpistas russas, três macacos sábios. E Chelsea vive repetindo que “coisas ruins acontecem em trios.” Tudo indica que veremos três cadáveres.
* Essa matéria foi publicada originalmente em Glamour UK e traduzida pela jornalista Malu Pinheiro para melhor compreensão do público brasileiro.
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Fonte: Glamour
