“Diria que a gente passou, no máximo, dois ou três anos questionando a cultura da magreza. Esse é um ponto importante: ela sempre existiu, não foi algo que sumiu, só se ‘maquiou’. Quando o mercado percebeu que havia uma demanda, ele simplesmente se aproveitou disso. Eu sou uma mulher muito diversa – preta, gorda, tenho vitiligo – e, por isso, trabalhei bastante, estive em várias campanhas, participei de projetos e pude sonhar. Realmente senti que as coisas podiam estar mudando. De certa forma, me sinto usada. Minha imagem foi explorada enquanto era lucrativa. Agora, com meu corpo ‘fora de moda’, nem sou cotada. A ironia é que essa obsessão pela magreza é acompanhada por um apelo ao bem-estar, à saúde, como se ser saudável e magro fosse uma coisa só. O mercado, de novo, se aproveita. Hoje, o investimento está nos suplementos, nas dietas, nos treinos intensos, e a indústria sabe disso. Em relação a mim, é um exercício diário de resiliência. Assim como todos, sou constantemente bombardeada por essa ideia de que, para ser feliz ou bem-sucedida, preciso emagrecer. Tento me manter firme, sei que sou referência para muitas, mas a pressão está sempre ali.”
Fonte: Glamour